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Moro, já vai tarde |
Por Paulo
Nogueira | 29/11/2016
Enfim uma boa
notícia.
Moro planeja
passar um ano nos Estados Unidos, depois da Lava Jato. Seria, segundo a
colunista Mônica Bergamo, entre 1918 e 1919.
Bem, antes de
tudo, é difícil crer que a Lava Jato chegue ao fim. São já dezenas de operações
e fases, e não se vê sinal de desfecho.
É mais
provável que ela vá murchando, e murchando, e murchando — até sumir. Onde foram
parar aquelas ações espetaculares, transmitidas euforicamente pela mídia?
A real missão
da Lava Jato — derrubar o governo de Dilma — já foi alcançada.
Se for mesmo
para os Estados Unidos, Moro já vai tarde. O Brasil tem que tirar férias de
Moro. De preferência, esquecê-lo, por tudo que ele representou e representa.
Moro simboliza
a antijustiça. Ele é a negação do conceito de imparcialidade da Justiça. Nisso
tem a companhia de Gilmar Mendes, mas há uma grande diferença entre os dois:
Moro tem muito mais poder. Por isso é bem mais deletério que Gilmar.
Gilmar fala
muito, mas pode fazer pouco. Moro pode fazer muito sem falar nada.
Quando se
fizer um balanço de Moro e da Lava Jato, se verá que os prejuízos superaram
amplamente os ganhos.
Combate à
corrupção pela metade — só vale pegar petistas — é um mal terrível. Você luta
de mentirinha contra a roubalheira. Você usa a Justiça para perseguir seus
inimigos, e ponto. Os costumes se corrompem. É o triunfo do cinismo e da
hipocrisia.
Considere os
efeitos práticos de Moro e sua criatura. Sob o pretexto da corrupção, uma
mulher honesta foi encurralada até ficar sem saída e ser apeada do poder.
Tudo isso para
colocar no Planalto Temer, Jucá, Geddel e tantos outros do gênero. Se fosse
pela corrupção, não seria assim.
No golpe de
1964, pelo menos as aparências foram mantidas inicialmente. A corrupção foi,
como agora, brutalmente usada como pretexto pelos golpistas. Mas o militar
posto na presidência, Castelo Branco, tinha a aura de um homem incorruptível,
simples, frugal. Note: eu disse “aura”.
Nem isso Temer
tem. O que o aproxima de Castelo é um detalhe físico: a ausência de pescoço.
Os filhos da
Lava Jato são dantescos. Temer é filho da Lava Jato. A crise política e
econômica que nos flagela é filha da Lava Jato. A impunidade insuportável de
corruptos como Aécio, Serra e Alckmin é filha da Lava Jato.
É este o
legado de Moro. Pioramos e muito depois dele. Os fatos, os números, as
estatísticas estão aí. Éramos uma democracia que avançava — lentamente, é certo
— na igualdade social. Somos agora uma República de Bananas voltada, como
sempre aconteceu, para os ricos. Para os privilegiados. Para a plutocracia.
Moro já vai
tarde.
Bye.
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