Por Antônio
Carlos Miguel | 03/12/2017
Na manhã desta quinta-feira (30/11), os
métodos da Lava-Jato foram desnudados no depoimento, via teleconferência, de
Rodrigo Tacla Durán à CPMI que prossegue na Câmara. Como se sabe, o advogado,
que trabalhou na Odebrecht entre 2011 e 2016, usou de sua dupla cidadania para,
amparado em acordos entre os dois países, vazar do Brasil e acompanhar na
Espanha o processo ao qual é acusado. Aguarda que o juiz Sérgio Moro envie para
a justiça espanhola as provas que, aparentemente, não existem. Lá, delações
premiadas não têm valor se não acompanhadas de provas materiais. Delações que,
como suspeitamos, muitas vezes são induzidas, filtradas, direcionados para
alvos selecionados.
Tacla Durán teria fugido para a Espanha por
não aceitar assumir em sua delação atos que diz não ter participado. Ele chegou
a negociar com o advogado Carlos Zucolloto Junior (padrinho de casamento de Moro
e ex-sócio da mulher do juiz numa banca em Curitiba) benefícios num eventual
acordo junto aos procuradores da Operação. Mas, teria mudado de ideia quando
percebeu os métodos e as engrenagens da tal “indústria da delação”, que
incluiriam pagamento por fora para advogados e juízes, adulteração de
documentos, provas forjadas e por aí vai.
OK, Tacla Durán também não deve ser flor
que se cheire, mas, o silêncio de Moro e asseclas nos últimos dias faz muito
barulho, parece comprovar as sujeiras da Lava-Jato. Em agosto passado, quando
surgiram as primeiras denúncias do advogado, o juiz de preto tentou
desqualificá-lo por se tratar de um foragido da Justiça. Agora, prefere se
esconder. Se é que seriedade e justiça ainda tenham lugar no Brasil, a CPMI tem
que ouvir Moro e senhora, Janot, Zucolloto e demais citados por Tacla Durán em
seu depoimento.
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