6 de Abril de
2018
Diante da
opressão, até a ONU reconhece como legítimo o direito à rebelião. Não há como
tratar situações excepcionais dentro da normalidade democrática. Escrevo no
momento em que a imprensa anuncia que Lula decidiu não se entregar em Curitiba
ao juiz fascista Sérgio Moro e resistir à prisão protegido por uma multidão.
Enquanto isso, seus advogados tentam encontrar um instrumento jurídico que
impeça seu encarceramento.
Independentemente
do desfecho da resistência popular na sede do Sindicato dos Metalúrgicos de São
Bernardo, percebe- se o movimento das placas tectônicas sob os pés dos
lutadores políticos e sociais.
Dissemina-se a convicção que o mandado de prisão de Lula foi mesmo a pá de cal no fiapo de regime democrático que restava depois do golpe de estado. Táticas e estratégias de enfrentamento que não levem em conta esse dado da realidade terão rápido encontro com o fracasso.
O desafio da
esquerda nesta encruzilhada da história do país é atuar em sintonia com uma
conjuntura marcada pelo fim do pacto republicano e democrático firmado pela
sociedade brasileira com a promulgação da Constituição cidadã de 1988. Trocando
em miúdos, isso significa debater com a população formas inovadoras de luta,
resistência e protesto.
É certo que dará
trabalho e não são ações de fácil execução, mas, até porque não há saída apenas
através das refregas institucionais, é preciso tentar e ousar. E não há tempo a
perder. Caso contrário, nunca lograremos mudar de patamar no que se refere ao
enfrentamento da onda fascista que varre o país.
Os partidos de
esquerda e movimentos sociais serão forçados a "trocar os pneus com o
carro andando", pois não acumulam experiências neste campo. Está tudo em
aberto. Partindo da premissa óbvia de que é essencial atrair parcelas
expressivas do povo para essa discussão, urge repensar as nossas formas de
confrontação com as forças antidemocráticas, a serviço da espoliação cada vez
maior da classe trabalhadora.
Como pôr em
prática mecanismos de desobediência civil ? E greves de transportes com catraca
livre? Por que as bancadas dos partidos de oposição não acampam nos plenários
da Câmara e do Senado ? Por que não uma greve de fome por parte de figuras
públicas do PT?
Enquanto
prepara essa guinada, claro que devem ser incrementadas planos de luta já
presentes no cardápio de mobilizações da esquerda, como ocupações de prédios
públicos, bloqueio de estradas, greves em todas as categorias possíveis,
panfletagens, passeatas, comícios, caravanas, criação de comitês populares pela
democracia, etc.
Tudo isso, de
preferência, articulado com um objetivo estratégico de se colocar cada vez mais
gente nas ruas até que a democracia seja resgatada e os direitos o povo, que
foram roubados, restituídos. O velho Marx nos ensina que a história só se
repete como farsa ou tragédia, mas não custa ter como referências históricas a
Praça Tahrir, no Cairo, em 2011, ou Teerã (foto), em 1979. Em ambos os casos, o
movimento de massas logrou levar para as ruas um número crescente e avassalador
de pessoas até o regime desmoronar.
0 comentários:
[ Deixe-nos seu Comentário ]