JEFFERSON MIOLA | Integrante do
Instituto de Debates, Estudos e Alternativas de Porto Alegre (Idea), foi
coordenador-executivo do 5º Fórum Social Mundial
21 de Maio de
2018
O “doleiro dos
doleiros” do Brasil, como Alberto Youssef – o doleiro-delator íntimo do Moro,
dos procuradores e dos policiais da Lava Jato – se refere a Dario Messer, foi o
alvo principal da operação “Câmbio, Desligo!”, executada pela Polícia Federal
em 3 de maio, depois das delações dos doleiros Vinícius Claret e Cláudio
Barbosa.
Dario Messer,
provavelmente avisado que seria alvo de mandado de prisão preventiva, conseguiu
fugir e não foi encontrado nos endereços conhecidos no Brasil naquele dia da
operação Câmbio, Desligo!.
A prisão do
doleiro era tida como líquida e certa, tanto que o jornalista tarimbado e dono
de fontes privilegiadíssimas d´O Globo, Lauro Jardim, no dia da operação
anunciou que “Dario Messer, alvo principal da operação da Lava-Jato de hoje, e
finalmente preso, é um personagem ligado aos escândalos nacionais desde o caso
Banestado”.
Na coluna d´O
Globo de 6 de maio de 2018, o taribado Lauro Jardim publicou a nota “Tudo
errado”, com a notícia errada de que Dario Messer tinha sido“preso na
quinta-feira passada”. É difícil imaginar tamanha “barrigada” jornalística de
profissional bem abastecido de informações e depois de 3 dias do fato
consumado! Houve alguma falha na linha direta de comunicação Globo-Lava Jato –
só não se conhece o motivo para tal falha.
Aventou-se a
hipótese de que Dario Messer pudesse estar escondido na sua mansão no Paraguai,
porém lá também não foi encontrado.
Joaquim
Carvalho, em minuciosa reportagem no Diário do Centro do Mundo, cita que
“Antigos aliados acreditam que ele esteja em Israel, onde também tem cidadania,
por ser judeu. Messer não foi o único a escapar. O doleiro René Maurício Loeb
fugiu do Rio de Janeiro para a Europa a bordo de um navio de luxo, semanas
antes da operação ser deflagrada”.
A fuga e o
desaparecimento de Dario Messer adquire ainda maior relevância e valor
investigativo depois da denúncia feita por doleiros acerca da existência de
esquema mafioso mediante o qual o advogado Antônio Figueiredo Basto recebia US$
50 mil dólares mensais como “taxa de proteção” para garantir que “eles
[doleiros] seriam poupados nas delações decorrentes do caso Banestado, que
correu na jurisdição de Sergio Moro” [DCM].
Esse mesmo
advogado é considerado o especialista em delação premiada no Brasil – ou da
indústria da delação, como o GGN e o DCM vêm investigando – cuja experiência
inaugural foi a delação premiada de Alberto Youssef no rumoroso caso Banestado,
conduzido pelo procurador Carlos Fernando dos Santos Lima e pelo juiz Sérgio
Moro.
O ministério
público reconhece que a denúncia dos doleiros tem efeito devastador nos meios
jurídicos, políticos e empresariais e, pode-se inferir, também sobre a
força-tarefa da Lava Jato.
Não é a
primeira vez que denúncias dessa índole são feitas em relação ao universo que
se revela cada vez mais obscuro da chamada “república de Curitiba”, tão
incensada pela Rede Globo.
Em novembro de
2017, o ex-advogado da Odebrecht, Rodrigo Tacla Duran, denunciou que Carlos
Zucolotto Júnior, amigo íntimo e padrinho de casamento de Sérgio Moro,
intermediou acordo de delação premiada com redução de multas e sanções
judiciais por US$ 5 milhões. Na ocasião, Zucolotto mencionou que um interlocutor
com a sigla DD [na Lava Jato só se conhece Deltan Dallagnol com estas iniciais]
seria o avalizador final do acordo.
Na sessão de
11 de abril de 2018 do STF, Gilmar Mendes denunciou que “a corrupção já entrou
na Lava Jato, na Procuradoria”. Arrolando casos como o de irmão de procurador
[Doutor Castor] que promove acordos de delação com a Lava Jato, Gilmar
denunciou que “Estamos escolhendo advogados para delação. Ou aqueles que não
poderiam sê-lo. Veja como este sistema vai engendrando armadilhas”.
É incrível que
até hoje nem o STF, nem a PGR, nem a OAB e nem a Lava Jato instauraram
investigações sobre denúncias tão comprometedoras e feitas por um juiz da
suprema corte.
A fuga de
Dario Messer, salvo a ocorrência de incríveis coincidências, foi facilitada por
aqueles que fogem do “doleiro dos doleiros” como o diabo foge da cruz. É
preciso, por isso, esclarecer urgentemente 3 aspectos nebulosos:
1. quem acobertou a fuga de Dario Messer?;
2. quem se beneficia com a “fuga” de Dario
Messer?; e
3. por que é preciso esconder Dario Messer e
evitar seus depoimentos?
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