POR FERNANDO
BRITO · 03/06/2018
As “jornadas
de junho”, que a tantos iludiram, completam cinco anos este mês.
Não eram
apenas 20 centavos, como dizia o mote original do movimento, logo substituído
pelo “padrão Fifa” para tudo.
Os 20 centavos
já foram acrescentados várias vezes nas passagens de ônibus e o “padrão Fifa”,
nem é preciso dizer, virou sinônimo de lama.
Os blackblocs,
tão misteriosamente aparecidos quanto logo desaparecidos, deixaram de usar as
camisetas enroladas nas cabeças, à guisa de máscaras, e deram seu papel de
destruição a rapazes elegantemente trajados de ternos e togas.
Todo o
sentimento de autoestima, de afirmação coletiva e de esperança que o país
desenvolvera, em pouco tempo, foi lançado fora e substituído pela velha e
recorrente síndrome do vira-latas e pelo “todos são ladrões”, que desbordou
rapidamente para o ódio, na política e mesmo nas relações pessoais.
O sonho do
desenvolvimento, que vinha em marcha,
dissipou-se e deu lugar ao pesadelo de uma crise pavorosa para milhões
de brasileiros sem emprego e renda e para os milhares que voltaram às calçadas,
tiritando de frio neste junho, diante dos nossos olhos impotentes.
Chamaram de
primavera o que eram os temporais que prenunciavam o fim do nosso verão
nacional e estamos, agora, em pleno inverno político, econômico e social: sem
líderes, sem progresso, sem o mínimo de harmonia que nos permita vermo-nos como
um povo.
O último que o
tentou passa frio e solidão em Curitiba.
Há um
sentimento de cansaço, de esgotamento que aplastra nosso país, verdade que num
mundo que parece caminhar para trás.
Precisam nos
confundir, precisam tirar nossas referências, precisam nos manter contidos em
tribos politicas ou “identitárias” para que não (re)descubramos que não é o que
nos separa o que nos pode fazer avançar, mas o que nos une.
Desde o golpe,
a direita e a mídia tiveram todo o poder, tiveram todos os meios para rasgar,
deformar, amputar direitos e, até, para encarcerar os símbolos daqueles tempos.
O que
conseguiu foi o desastre que presenciamos.
E do qual não
sairemos se, entre nós, seguirmos batendo pé por vinte centavos e não aceitando
quem não nos seja como um “padrão Fifa”.
A
intransigência, a intolerância, a desagregação, tudo o que divide nos
enfraquece.
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