![]() |
BRUNO POLETTI/FOLHAPRESS |
Artistas e intelectuais comentam a aterrissagem de Bolsonaro em Brasília. Temor maior é corte no Sistema S
10/01/2019
"Com esses
ministros, é preferível que Cultura não tenha ministério”. A frase dita pelo
cantor Chico Buarque ao EL PAÍS ilustra o mal-estar que aflige boa parte da
classe artística sobre os rumos do setor no Governo Bolsonaro. As políticas
culturais, que ano após ano não chegam perto de 1% do orçamento geral, são uma
incógnita até mesmo para os artistas e produtores brasileiros, que têm opiniões
divergentes sobre os efeitos da perda de um ministério exclusivo para o
assunto. De um lado, há reações bem menos enérgicas contra a extinção da pasta
que as de 2016, quando o então presidente Temer recuou da proposta pela pressão
de agentes culturais. De outro, o temor de que os cortes pretendidos pela
equipe econômica de Paulo Guedes no Sistema S e o enxugamento nos bancos
públicos inviabilizem ações que preenchem lacunas deixadas pelo poder público
na produção e no acesso à cultura brasileira.
O presidente
Jair Bolsonaro não dedicou muito espaço à Cultura em seu programa eleitoral. Só
começou a se referir diretamente ao tema durante a campanha depois que um
enorme incêndio destruiu completamente o Museu Nacional em setembro, o que
chocou o país. Na ocasião, prometeu eliminar o Ministério da Cultura e
concentrar as políticas do setor em uma secretaria específica como parte de seu
plano de encolher a Administração pública e economizar. Bolsonaro cumpriu a
promessa no seu segundo dia de mandato. Agora, a Cultura está acomodada no
mesmo ministério que o Esporte e a Cidadania.
O cantor Chico
Buarque, que nunca escondeu sua afinidade com o Partido dos Trabalhadores (PT),
é um dos mais contundentes ao comentar a aterrissagem do novo presidente em
Brasília. “Só posso dizer o seguinte: em vista da qualidade dos ministros deste
Governo, acho que é preferível que a cultura não tenha ministério”, disse ao EL
PAÍS. Nem todos concordam que as mudanças promovidas pela extrema direita
causarão riscos à cultura brasileira. O presidente da Ancine (órgão público que
regula e promove o cinema), Christian de Castro, afirma que o setor não sofrerá
nenhum impacto, que a produção é sólida e está amparada por uma legislação que
existe há 20 anos. No entanto, enfatiza que a liberdade criativa é necessária
para fazer filmes e vendê-los. “Sempre que há censura, perdemos dinheiro”, diz.
O cinema brasileiro movimentou mais de 2,7 bilhões de reais em 2017.
0 comentários:
[ Deixe-nos seu Comentário ]