POR FERNANDO
BRITO · 30/06/2019
Das mensagens
obtidas pelo The Intercept e publicadas hoje pela Folha de S. Paulo:
“Acho que tem
que prender o Leo Pinheiro. Eles falam pouco.”
A frase do
procurador da República Januário Paludo, um dos
mais destacados da chamada Força Tarefa da Operação Lava Jato, resume o
espírito que marcou mais de um ano de “negociações” entre a Procuradoria Geral
da República: só haveria benefícios para “o empreiteiro com mais prova contra
si” – José ademário, aliás Leo Pinheiro, da OAS – se este ” entregasse” o
ex-presidente Lula.
Para isso, valia
usar a prisão do executivo, até que ele concordasse em fornecer alguma acusação
contra o petista:
“Januário Paludo
– 12:21:54 – Acho que tem que prender o Leo Pinheiro. Eles falam pouco. Quer
dizer, acho que tem que deixar o TRF prender.”
Depois de meses,
a OAS apresenta – curiosamente, através da revista Veja – o que está disposta a
dizer: que haveria uma “conta” clandestina em favor de Lula, versão mantida até o final como justificativa
da suposta vinculação do triplex do Guarujá com os contratos da Petrobras –
algo que jamais fora mencionado nas conversas entre a OAS e os procuradores :
Anna Carolina
(Garcia) – 19:52:11 – Tinha isso de conta clandestina de Lula? 19:52:19- Esses Advs não valem nada
Jerusa(Viecili)
– 19:53:02 – Não que eu lembre
Ronaldo (
Queiroz)- 20:45:40 – Também não lembro. Creio que não há.
Sérgio Bruno (
Cabral Fernandes) – 21:01:10 – Sobre o
Lula eles não queriam trazer nem o apt. Guaruja. Diziam q não tinha crime.
Nunca falaram de conta.
A “plantação” de
suspeitas através de vazamentos era, para alguns procuradores, “uma estratégia dos advogados para despertar
interesse pela proposta e torná-la irrecusável para o Ministério Público”.
Outra – que saiu pela culatra – teria sido o pagamento de propina, na forma de
obras de impermeabilização em sua casa, do ministro José Carlos Dias Toffoli.
E como não havia
materialidade alguma no que os advogados de Léo Pinheiro traziam aos
procuradores, durante mais de um ano as conversas não renderam acordo formal
mas, afinal, com a alegação das reformas e de um suposto pedido de destruição
de provas, a promessa de um, assim mesmo com muita prudência, para não
evidenciar a barganha obtida com ele:
Deltan
(Dallagnol)-17:10:32 -Caros, acordo do OAS, é um ponto pensar no timing do
acordo com o Léo Pinheiro. Não pode parecer um prêmio pela condenação do Lula.
A única “prova”
contra Lula, o depoimento do empreiteiro – que agora se vê como foi extraído –
desmoronou estrepitosamente.
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