"Estamos diante de uma escolha —e essa arbitragem será
feita pelo STF: trata-se de decidir se, em nome do combate à corrupção, pode-se
cometer uma penca de crimes", diz o jornalista Reinaldo Azevedo, que ontem
revelou mais um capítulo da Vaza Jato
21 de junho de
2019
O jornalista
Reinaldo Azevedo, que ontem revelou que o ex-juiz Sergio Moro cometeu mais um
crime, ao escalar o time de acusação contra o ex-presidente Lula, defende a
anulação completa do processo do triplex, em artigo publicado nesta
sexta-feira.
"Não
reconheço a legitimidade do 'DPPL': o 'Direito Penal Para Lula”. Reconheço a
ordem democrática, de que faz parte o devido processo legal. A lei evidencia a
nulidade do processo que resultou na condenação do ex-presidente. E caberá ao
STF dizer se a Lava Jato está subordinada a essa ordem democrática e legal ou
se também o tribunal se subordina à Lava Jato", diz ele.
"Moro
violou uma penca de artigos do Código de Ética da Magistratura, em particular o
8º: 'O magistrado imparcial é aquele que busca nas provas a verdade dos fatos,
com objetividade e fundamento, mantendo ao longo de todo o processo uma
distância equivalente das partes, e evita todo o tipo de comportamento que
possa refletir favoritismo, predisposição ou preconceito'", aponta ainda o
jornalista.
"A mesma
trilha que conduz ao esbulho dos direitos de Lula leva à anomia no direito
penal. Se um juiz pode apresentar testemunhas à acusação; condescender com
truques para fazê-la falar; anuir com procedimentos heterodoxos para imputar ao
réu o que não evidenciam os autos nem a denúncia —caso do PowerPoint—; orientar
a desmoralização pública da peça apresentada pela defesa e até interferir na
escolha, ainda que por via indireta, do representante do MPF que vai participar
de uma audiência, cabe indagar: o que é vedado ao juiz?", questiona.
"Ora, se o
devido processo legal não existe, então tudo é permitido", finaliza.
"Estamos diante de uma escolha —e essa arbitragem será feita pelo STF:
trata-se de decidir se, em nome do combate à corrupção, pode-se cometer uma
penca de crimes. A propósito: se esse é um valor absoluto —e tudo, então, é
permitido—, por que não havemos de perdoar as agressões à ordem legal cometidas
em nome da justiça social?"
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