(Foto: PR |
ABr | Divulgação)
"Elefante em loja de cristais, cada vez mais ditador e
menos presidente da República, Bolsonaro traz à tona, sem necessidade, um tema
sensível que o identifica com a ditadura sanguinária de 64", avalia o
jornallista Alex Solnik
Alex Solnik é
jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor,
Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais
"Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A
guerra do apagão" e "O domador de sonhos"
29 de julho de
2019
Em resposta à
agressão gratuita que sofreram ele, a memória de seu pai e a democracia
brasileira, o presidente da OAB, Felipe Santa Cruz entrou com representação no
STF para instar Bolsonaro a contar tudo o que sabe acerca do assassinato de
Fernando Santa Cruz, aos 26 anos, em março de 1974, do que se gabou
publicamente.
Segundo relatos, ele teria sido incinerado no
forno de uma usina de açúcar, depois de ser preso pelo DOI-Codi, braço
clandestino do Exército brasileiro, acusado de pertencer à APML (Ação Popular
Marxista-Leninista) que não era “sanguinária”, como Bolsonaro acusou, nem
participou da luta armada. Mas não há explicação oficial sobre seu
desaparecimento.
Crimes hediondos, como esse, são
imprescritíveis, de acordo com a ONU. Mesmo sem querer, Bolsonaro deu uma deixa
para se reabrir investigação sobre a execução do pai do presidente da OAB.
Ficou difícil defender a posição de
Bolsonaro. Ele conseguiu ser rechaçado até por aliados, como João Dória, que a
chamou de “inaceitável”.
Elefante em
loja de cristais, cada vez mais ditador e menos presidente da República,
Bolsonaro traz à tona, sem necessidade, um tema sensível que o identifica com a
ditadura sanguinária de 64 – cuja existência ele sempre negou - e o expõe como
um admirador de torturadores e tirano cruel, razão pela qual é cada vez mais
execrado pela comunidade internacional civilizada.
A direita nacional menos truculenta também
está abandonando seu trem fantasma.
0 comentários:
[ Deixe-nos seu Comentário ]
Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor