"A
insistência na agressão e na boçalidade revela uma personalidade sombria que
parece se reconhecer, com júbilo, nas trevas dos porões da ditadura
militar", diz o editorial mais duro já publicado até agora pela Folha de
S. Paulo sobre Jair Bolsonaro
31 de julho de 2019
O jornal Folha de S. Paulo,
que apoiou o golpe de 2016 e a inabilitação do ex-presidente Lula, contribuindo
portando para a ascensão do neofascismo no Brasil, publica nesta quarta-feira
seu mais duro editorial contra Jair Bolsonaro. "Se no início de mandato
declarações e medidas estapafúrdias ainda podiam, com boa vontade, ser vistas
como tentativa de satisfazer o eleitorado mais fiel e ideológico, o que se
verifica agora é um padrão de atitudes que ofendem o Estado de Direito,
reforçam preconceitos e aprofundam as divisões políticas. Além de expor o
despreparo do chefe do Executivo para desempenhar suas funções num quadro de
coexistência com as diferenças, a insistência na agressão e na boçalidade
revela uma personalidade sombria que parece se reconhecer, com júbilo, nas
trevas dos porões da ditadura militar", aponta o texto.
O editorial sugere ainda um
possível processo de impeachment contra Bolsonaro, por falta de decoro.
"Com índices de aprovação aquém dos obtidos por seus antecessores em igual
período do mandato, o presidente desperta crescente apreensão quanto a seu
desempenho nos anos vindouros. Para alguns analistas, os destemperos verbais já
começam a fornecer munição para um eventual enquadramento em crime de
responsabilidade, por procedimentos incompatíveis com a dignidade, a honra e o
decoro do cargo. Não se vê nenhum movimento nesse sentido, e a perspectiva de
reforma da Previdência dá fôlego ao governo. Entretanto a recente espiral de
infâmias não poderá se perpetuar sem consequências.
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