(Foto: PR | Reprodução)
Para a jornalista Helena Chgas, o programa apresentando pelo
Ministério da Educação, o 'Future-se', é uma espécie de privatização de
serviços e atividades das universidades federais; "Afrouxar leis e fazer
as universidades irem à luta atrás de recursos próprios tem o claro objetivo de
reduzir a conta do governo e, mais adiante, cortar seus orçamentos federais.
Não custa lembrar, mais uma vez, que estudantes e professores foram às ruas
justamente por essa razão", lembra
Helena Chagas
é jornalista, foi ministra da Secom e integra o Jornalistas pela Democracia
17 de julho de
2019
Por Helena
Chagas, no Divergentes e para o Jornalistas pela Democracia - O governo
Bolsonaro parece gostar de viver perigosamente, ou esqueceu que o único tema
capaz de levar uma boa quantidade de manifestantes às ruas nesses seis meses
foi a educação. Num gesto quase temerário, o Ministério da Educação apresentou
hoje ao país o programa Future-se, uma espécie de privatização de serviços e
atividades das universidades federais.
O ministro
Abraham Weintraub fez questão de dizer que as universidades continuam sendo
públicas, e que não haverá cobrança de mensalidades aos estudantes de graduação
– o que exigiria, por sinal, mudança na Constituição.
A
contrapartida não dita com todas as letras às medidas que permitiriam às
universidades captar recursos de várias maneiras – inclusive pela alienação de
bens públicos e pela venda até dos nomes de prédios e institutos a empresas
privadas – é óbvia: haverá menos recursos estatais para as universidades.
Afrouxar leis
e fazer as universidades irem à luta atrás de recursos próprios tem o claro
objetivo de reduzir a conta do governo e, mais adiante, cortar seus orçamentos
federais. Não custa lembrar, mais uma vez, que estudantes e professores foram
às ruas justamente por essa razão.
O Future-se
desagradou a comunidade acadêmica sobretudo pelo risco de o novo regime de
financiamento levar as universidades federais e não mais se direcionarem a fins
públicos, ficando a serviço apenas do mercado e dos interesses privados. Também
desagradou a forma como o programa foi elaborado e lançado, sem maiores
consultas aos interessados.
Acima de tudo,
pegou mal, no lançamento do programa, a afirmação do secretário de Educação
Superior do MEC, Arnaldo Barbosa de Lima, afirmando que a entidade quer se
transformar na “Apex da educação”. Segundo ele, a educação brasileira pode ser
um produto de exportação”. Não é. É, antes de qualquer coisa, um direito do
cidadão brasileiro.
0 comentários:
[ Deixe-nos seu Comentário ]
Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor