Ministro do STF é mais um a rejeitar declarações do presidente,
as quais classificou como ‘incivilidade’ e ‘grosseria’
Giovanna
Galvani | 31 DE JULHO DE 2019
Após gerar
repercussão nacional, a fala do presidente Jair Bolsonaro em relação ao pai do
presidente da OAB traz comentários, agora, do Supremo Tribunal Federal. Em
entrevista ao jornalista Tales Faria, do UOL, o ministro Marco Aurélio Mello
sugeriu que “apenas criando um aparelho de mordaça” Bolsonaro poderia parar de
proferir o que chamou de ‘incivilidade’ e ‘grosseria’.
Além da
declaração, Mello, que é o segundo mais velho da Suprema Corte e deverá ser
substituído por alguma indicação de Bolsonaro em dois anos, também criticou a
fala do presidente como uma forma de ‘mau exemplo’. Apresentou um contraponto
em seguida: “Por outro lado, acho que pode ser um marco de como as pessoas não
devem ser. A repugnância tem sido geral”, disse.
Bolsonaro
comentou a morte de Fernando Santa Cruz, pai do presidente da Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB), nesta segunda-feira 29, dizendo que “um dia, se o
presidente da OAB quiser saber como é que o pai dele desapareceu no período
militar, eu conto. Ele não vai querer ouvir a verdade. Eu conto para ele”. O
presidente depois afirmou, em um vídeo em que corta o cabelo, que Fernando
Santa Cruz teria sido morto por militantes de esquerda, o que é contestável.
Fernando foi
perseguido e assassinado pela ditadura – com reconhecimento do Estado
brasileiro a partir dos documentos da Comissão Nacional da Verdade (CNV),
concluída em 2014. Os documentos indicam provas de que ele estava sob custódia
do Destacamento de Operações de Informação – Centro de Operações de Defesa
Interna (DOI-CODI), um dos órgãos repressores da ditadura, desde 22 de
fevereiro de 1974.
Um ex-delegado
do DOPS do Espírito Santo, Cláudio Guerra, informou à CVN e ao livro ‘Memórias
de uma Guerra Suja’, dos autores Rogério Medeiros e Marcelo Netto, que teria
incinerado o corpo de Fernando Santa Cruz e outros militantes em uma usina de
açúcar em Campo dos Goytacazes (RJ).
No dia 24 de
julho de 2019, a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos
expediu o atestado de óbito de Fernando Santa Cruz de Oliveira. O documento diz
que ele “faleceu provavelmente no dia 23 de fevereiro de 1974, no Rio de
Janeiro/RJ, em razão de morte não natural, violenta, causada pelo Estado
brasileiro, no contexto da perseguição sistemática e generalizada à população
identificada como opositora política ao regime ditatorial de 1964 a 1985”.
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