(Foto: Lula Marques)
"Venderam o peixe como salvação da lavoura para o país não
quebrar, torraram bilhões em propaganda mentirosa e compra de deputados e tem
muito imbecil achando que a vida agora vai melhorar", escreve o colunista
Ricardo Kotscho. "Quem vai pagar essa conta somos todos nós, agora e no
futuro, mas o país continua bestificado assistindo ao balcão de negócios
instalado no Congress", completa o colunista
Ricardo Kotscho
é jornalista e integra o Jornalistas pela Democracia. Recebeu quatro vezes o
Prêmio Esso de Jornalismo e é autor de vários livros.
10 de julho de
2019
Por Ricardo
Kotscho, do Balaio do Kotscho e do Jornalistas pela Democracia - Neste mundo de
faz de conta em que vivemos, o mercado vai poder dormir tranquilo, e os mais
pobres vão se ferrar outra vez.
Mais dia, menos
dia, a “Nova Previdência” será aprovada.
Quase metade da
população apoia a reforma, segundo o Datafolha, mas a imensa maioria não sabe
nem do que se trata.
Venderam o peixe
como salvação da lavoura para o país não quebrar, torraram bilhões em
propaganda mentirosa e compra de deputados e tem muito imbecil achando que a
vida agora vai melhorar.
Quem vai pagar
essa conta somos todos nós, agora e no futuro, mas o país continua bestificado
assistindo ao balcão de negócios instalado no Congresso.
Ficarão felizes
todos os comentaristas da TV, que este ano não falaram de outra coisa, em todos
os telejornais: a reforma tem que ser aprovada ou será o caos.
Como se já não
vivêssemos há anos no caos instalado com o golpe de 2016, que está rifando o
país e acabando com todos os direitos trabalhistas, enterrando os programas
sociais e destruindo o meio ambiente como um exército de ocupação.
Com o governo da
“nova política” abrindo as pernas para garantir os 308 votos, saíram lucrando
as bancadas evangélicas e dos ruralistas, dispensadas de pagar impostos, entre
outras benesses.
No monstrengo do
projeto parido pelo governo e cevado pelos parlamentares, todos os privilégios
foram mantidos para as corporações fardadas e togadas e 80% do trilhão
economizado vai sair do andar de baixo, dos que já ganham micharia.
Falo como
aposentado, mas penso nos que virão depois de nós.
O que recebo
hoje do INSS, depois de 55 anos de trabalho como jornalista, não dá nem para
pagar o plano de saúde.
É com 55 anos de
idade que irão se aposentar os policiais, com salário integral, dez anos a
menos do que os simples mortais, aposentados em sua maioria com menos de dois
salários mínimos.
A mesma turma
que prega a “lei igual para todos” agora vende a mentira de que também a
“aposentadoria será igual para todos”.
Não será. Ao
contrário, vai aumentar o abismo entre as aposentadorias do serviço público e
dos militares, protegidos pelo “direito adquirido”, e as dos trabalhadores do
INSS, tratados como cidadãos de segunda classe.
Essa reforma da
Previdência, defendida pelo mercado, os empresários e a grande mídia, é o golpe
mais perverso já praticado contra os trabalhadores brasileiros.
Prometeram que
no dia seguinte à aprovação, os donos do dinheiro vão voltar a investir bilhões
e gerar milhões de empregos, mas o que estamos vendo é um crescente processo de
exclusão, que só vai aumentar com as novas regras.
Em centenas de
cidades do interior, a economia gira em torno da aposentadoria dos
trabalhadores rurais, que serão garroteados em seus benefícios.
Quando a ficha
cair, será tarde demais.
Não se poderia
esperar outra coisa desse governo movido a vingança, que a cada dia decreta
novas maldades para infernizar a vida de quem não é devoto da seita deste Jim
Jones tupiniquim.
Basta ver as
caras assustadoras do capitão e seus asseclas, os sorrisos melífluos,
desfilando ódio pelo palácios e plenários, para impor a “nova ordem” a ferro e
fogo.
Pobre Brasil,
pobres de nós, náufragos desta tragédia anunciada.
Ninguém poderá
alegar que foi enganado. Bolsonaro está apenas cumprindo o que prometeu na
campanha.
Vida que segue.
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