Foto: Carlos Marlon
A parceria entre os dois portos tem proporcionado transformações
pontuais no terminal cearense, segundo apontam agentes do mercado de cargas. O
destaque é a desburocratização e a agilidade no embarque e desembarque
Por Hugo Renan
do Nascimento | 28 de Julho de 2019
A chegada de
executivos do Porto de Roterdã (Holanda) ao Porto do Pecém já tem demonstrado
mudanças iniciais em processos operacionais no terminal cearense. No ano
passado, o Governo do Estado e a autoridade portuária holandesa assinaram
contrato de parceria para alavancar o potencial do Pecém.
Uma das
alterações já percebidas no setor é a desburocratização de procedimentos e o
atendimento mais eficiente a exportadores e importadores. Gestão e governança
do Complexo Industrial e Portuário do Pecém SA (Cipp SA) também estão sendo
modificadas aos poucos. De acordo com o secretário do Desenvolvimento Econômico
e Trabalho do Estado (Sedet), Maia Júnior, ainda é cedo para constatar as
transformações mais profundas que os holandeses planejam para o equipamento.
"Hoje tem
uma consultoria que está reestruturando completamente os processos de gestão e
de governança. Isso já foi fruto da chegada deles (executivos de Roterdã). Eles
desenharam uma nova estrutura para a operação tanto do Cipp quanto para a Zona
de Processamento de Exportação (ZPE). O novo organograma das empresas também já
foi aprovado pelo Conselho".
Segundo ele, os
executivos de Roterdã, em conjunto com as autoridades cearenses, estão
discutindo projetos diretores para o Cipp. "Eles vão apresentar ao
Conselho de Administração um masterplan voltado para a operação portuária de
manutenção preventiva de todas as estruturas do Porto. Também está em
preparação um plano de Capex, que é um programa de investimentos. Ainda estão
preparando um masterplan de desenvolvimento industrial", diz.
Para o
diretor-presidente do Cipp, Danilo Serpa, a nomeação de holandeses para cargos
estratégicos no Pecém representa um passo importante na parceria entre as
empresas. "Temos uma busca constante pela melhoria, pela otimização dos
nossos processos. A chegada de profissionais do Porto de Roterdã traz muita
experiência e um conhecimento operacional diferenciado sobre o manuseio de
cargas diferentes, a logística e a gestão das expectativas do cliente. Assim,
as melhorias operacionais vão acontecer naturalmente com a conclusão de uma
série de obras que estão em andamento aqui no Porto", acrescenta.
Heitor Studart,
presidente da Câmara Setorial de Logística (CSLog) e coordenador do Núcleo de
Infraestrutura da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), garante que algumas
mudanças já podem ser percebidas. "Primeiro, nós pedimos agilidade nos
plantões e isso melhorou. Ainda não foi resolvido porque não existe efetivo. Segundo,
a parte de escaneamento de cargas também foi solucionada. Havia um duplo
escaneamento, quando o contêiner entrava no Porto e lá dentro, o que gerava
custos. Eles melhoraram alguns procedimentos, apesar de muitos deles dependerem
dos órgãos anuentes".
Outra mudança
percebida foi no atendimento a exportadores e importadores. Conforme Rômulo
Holanda, analista de exportação da Frota Aduaneira, há novos procedimentos e
horários mais flexíveis para os serviços. "Essa parte melhorou bastante. O
Porto tinha horários de atendimento específicos. Agora já está mais
distribuído, em questão de escala de atendimento. Os horários estão mais amplos
e todos os setores estão mudando".
Além disso, o
Porto passa por diversas obras, entre elas a ampliação da área de contêineres
para carga perigosa, o novo portão de acesso e o novo berço de atracação. Os
investimentos são da ordem de R$ 753,8 milhões.
Executivos no Ceará
Desde janeiro no
Estado, pelo menos cinco executivos do Porto de Roterdã iniciaram os trabalhos
no Pecém. Segundo o secretário Maia Júnior, as nomeações fazem parte do acordo
de acionistas, em que o Governo do Ceará detém 70% de participação e os holandeses
os outros 30%.
"Eles não
só têm direito a cargos na diretoria, que são três, como têm direito a cargos
no Conselho de Administração, que são dois. Têm o número um da operação e nós
temos o número dois. Nós temos o número um da diretoria financeira e eles têm o
número dois", explica.
De acordo com o
Cipp, na vice-presidência de Operações está Cornelis Hulst. Já na
diretoria-executiva comercial quem assumiu foi Duna Gondim. E como
diretor-executivo Financeiro está Tiemo Arkesteijn.
"A nomeação
de Cornelis Hulst representa a chegada de um profissional com elevada
experiência na área portuária. Foi uma indicação direta do nosso sócio. Além de
ter trabalhado muitos anos em um dos maiores portos do mundo, Cornelis passou
ainda por portos do Egito, Omã e Moçambique. Tem mais de 20 anos de experiência
internacional. É um reforço importantíssimo para o nosso time", afirma
Danilo Serpa.
"Eles devem
trazer tecnologia e operação portuária diferenciadas. O Porto hoje não tem um
alto nível de desempenho de despacho de um navio ou de carga. Os holandeses têm
muito conhecimento nessa parte de operação. Além disso, eles têm um mercado
mundial de demanda de produtos que podem alavancar aqui", opina o
presidente da CSLog, Heitor Studart.
Perfil do Cipp
SA
Área: 13 mil hectares
de área e infraestrutura
Acionistas:
Governo do Estado (70%) e Porto de Roterdã (30%)
Porto do Pecém:
Área de mil hectares com três píeres de atracação (Granéis Sólidos, Granéis
Líquidos e Terminal de Múltiplas Utilidades - TMUT)
Capacidade atual:
O Porto pode receber até nove navios simultaneamente
Cargas: Produtos
siderúrgicos; carvão mineral; minério de ferro; placas de aço; frutas
ZPE: Área de
6.182 hectares
Investimentos
atuais: R$ 753,8 milhões (R$ 750 milhões do Governo do Estado + R$ 3,8 milhões
de recursos próprios do Cipp S/A)
Obras atuais:
Ampliação da área de contêineres para carga perigosa; novo portão (Gate 2) de
acesso ao Porto; e o novo berço de atracação.
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