(Foto: Geraldo Magela)
A articulação, que envolveu o senador Randolfe Rodrigues
(Rede-AP), resultou na apresentação de uma ADPF (Arguição de Descumprimento de
Preceito Fundamental) no Supremo para impedir que Gilmar soltasse presos em
processos que ele não fosse o juiz da causa. "Randolfe super topou",
disse Deltan
7 de agosto de
2019
O novo capítulo
da Vaza Jato, agora em parceria entre o Uol e o Intercept, revela que o
procurador Deltan Dallagnol usou o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e o
partido de Marina Silva para atacar o ministro Gilmar Mendes, do Supremo
Tribunal Federal.
"O
procurador Deltan Dallagnol usou a Rede Sustentabilidade como uma espécie de
laranja para extrapolar suas atribuições e propor uma ação no STF contra o
ministro Gilmar Mendes", aponta a reportagem. "A articulação, que
envolveu o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), resultou na apresentação de
uma ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental) no Supremo para
impedir que Gilmar soltasse presos em processos que ele não fosse o juiz da
causa."
"A
negociação foi relatada por Dallagnol a outros integrantes da força-tarefa a
partir de 9 de outubro de 2018 --dois dias depois, a Rede de fato protocolou a
ADPF. A manobra tinha como objetivo driblar as limitações de seu cargo: Deltan
e seus colegas de Lava Jato são procuradores da República, primeiro estágio da
carreira do MPF (Ministério Público Federal) e só podem atuar em causas na
primeira instância da Justiça Federal", apontam os jornalistas Igor Mello,
Gabriel Saboia, Silvia Ribeiro e Paula Bianchi.
"Randolfe:
super topou", disse Dallagnol em chat
Desde setembro
de 2018, os procuradores se queixavam de uma decisão tomada por Gilmar Mendes,
relacionada ao tucano Beto Richa. O assunto voltou a ser abordado por Dallagnol
em 9 de outubro. "Resumo reunião de hoje: Gilmar provavelmente vai expandir
decisões da Integração pra Piloto. Melhor solução alcançada: ADPF da Rede para
preservar juiz natural", escreveu no grupo Filhos do Januário 3 no
aplicativo Telegram, composto por membros da força-tarefa, às 14h13. Duas horas
depois, Dallagnol volta à carga. "Randolfe: super topou. Ia passar pra
Daniel, assessor jurídico, já ir minutando. Falará hoje com 2 porta-vozes da
Rede para encaminhamento, que não depende só dele", escreveu no mesmo
grupo dos procuradores no Telegram às 16h47.
Randolfe
Rodrigues e a Rede Sustentabilidade, em nota conjunta, negaram que o partido
tenha sido usado para propor no STF uma ADPF elaborada pelos procuradores da
Lava Jato. Afirmam que: "No caso em apreço, a ação citada foi ajuizada
após o Ministro Gilmar Mendes ter concedido habeas corpus de ofício a Beto
Richa e outros 'ilustres' investigados, burlando as regras de sorteio de
relatoria do STF e se convertendo numa espécie de 'Liberador-Geral da
República'. Repudiamos essa decisão, que causou enorme embaraço ao Tribunal, por
convicção de que ela reflete uma postura de leniência com corruptos poderosos e
não um compromisso autêntico com o devido processo legal: o ajuizamento da ADPF
nº 545 se deu exclusivamente por este motivo".
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