(Foto: Reprodução - Lula Marques)
O jornalista Mauro Lopes avalia a quente a decisão da juíza
lavajatista Carolina Lebbos de transferir Lula para um presídio comum e a
reação vigorosa que a medida arbitrária gerou: "Como diz o ditado,
'esperteza quando é demais come o esperto'; no caso em curso, pode-se derivar:
'sordidez quando é demais afoga o sórdido'”.
7 de agosto de
2019
Há sinais de
que a sordidez da Lava Jato, perpetrada nesta quarta-feira (7) pela milionária
juíza Carolina Lebbos, pode ter sido um grande erro de cálculo do lavajatismo.
A decisão da
transferência de Lula para o presídio de Tremembé em São Paulo foi uma articulação
na surdina da extrema-direita jurídica desde junho. Tudo indica que foi uma
operação articulada por Sérgio Moro, como um troco, uma vingança contra as
revelações da Vaza Jato que estão destruindo sua operação e desarticulando sua
quadrilha (os "delinquentes", como os qualifica o ministro Gilmar
Mendes do STF).
O pedido para
transferência é uma operação de três pontas, no estilo da Lava Jato: 1) a
Polícia Federal, sob comando de Moro, pede; 2) uma juíza do grupo de Curitiba,
Carolina Lebbos, recebe e toma a decisão; e 3) outro juiz da equipe, Paulo
Eduardo de Almeida Sorci, de São Paulo, e, não por coincidência, nomeado por
Moro em fevereiro para o Conselho Nacional de Política Criminal e
Penitenciária, executa alegremente.
Como diz o
ditado, “esperteza quando é demais come o esperto”; no caso em curso, pode-se
derivar: “sordidez quando é demais afoga o sórdido”.
Há uma reação
vigorosa e rápida entre o final da manhã e começo da tarde desta quarta-feira
contra a decisão:
. o PT, o
PSOL, o PC do B e líderes de outros partidos de esquerda saíram a público;
. a defesa de
Lula ingressou com pedido de liminar no STF, que pode ser julgado pelo ministro
Gilmar Mendes, outro alvo dos “delinquentes”, ou por Edson Fachin;
. um grupo de
70 parlamentares de diversos partidos estará nesta tarde com o presidente da
Corte, Dias Toffolli, para exigir providências contra a montanha de
ilegalidades e injustiça do grupo sob comando de Moro;
. o presidente
da Câmara, Rodrigo Maia, protestou veementemente contra a medida e colocou-se
ao lado do PT para agir pela sua revogação;
. o deputado
Marcelo Ramos (PL), presidente da comissão especial que analisou o projeto de
fim da Previdência, também insurgiu-se contra a medida e conclamou: “Nós
precisamos reagir a isso.”
A lógica da
sordidez e da vingança elevada à enésima potência, irá triunfar? O cenário
mudou nos últimos meses: Moro viu-se lançado do patamar de herói ao de figura
desprezível; Dallagnol é neste momento um fantasma ambulante; a Lava Jato está
aos pedaços; o bloco de gelo que unia a direita tradicional à extrema-direita,
sob comando do bolsonarismo, está derretendo, apesar da unidade nas medidas
econômicas e sociais contra o povo.
Parafraseando
Ednardo e seu “Pavão Misterioso” (que não é o pavão do Carlos Bolsonaro): “eles
ainda são fortes, mas não podem voar”.
Nas próximas
horas saberemos.
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