Entusiasta da Lava Jato, a jornalista Miriam Leitão reconheceu
pela primeira vez que a operação se deixou contaminar pela política. "Moro
deveria saber, mas não soube, que como foi da caneta dele que saiu a sentença
que acabou afastando o candidato que estava em primeiro lugar nas pesquisas,
ele jamais poderia ir trabalhar com o que estava em segundo e acabou
beneficiado, vencendo a eleição", aponta
11 de agosto
de 2019
A jornalista
Miriam Leitão finalmente reconheceu que houve uso político da Lava Jato e que
essa percepção se fortaleceu depois que Sergio Moro, que determinou o resultado
da eleição presidencial de 2018 ao prender o ex-presidente Lula, favorito
absoluto em todas as pesquisas, decidiu trabalhar para Jair Bolsonaro – que,
diz ela, está longe de ser um modelo de ética na vida pública.
"O pior
erro cometido pela Lava-Jato foi deixar-se usar politicamente e parecer
bolsonarista. Isso foi ótimo para o grupo que chegou ao Planalto, mas
prejudicial aos objetivos da operação. O movimento anticorrupção é amplo, e o
presidente Jair Bolsonaro não é um modelo de ética. A manipulação política
ficou mais fácil quando o juiz Sergio Moro tirou a toga e foi para o Ministério
da Justiça", diz ela, em sua coluna.
"Moro
deveria saber, mas não soube, que como foi da caneta dele que saiu a sentença
que acabou afastando o candidato que estava em primeiro lugar nas pesquisas,
ele jamais poderia ir trabalhar com o que estava em segundo e acabou
beneficiado, vencendo a eleição. Desde que assumiu, só se enfraqueceu",
afirma ainda a jornalista.
Na sequência
do artigo, ela deixa claro que Moro a cada dia se vê obrigado a defender um
governo extremamente corrupto. "Quando Moro assumiu, disse que estava
cansado de levar bola nas costas. É o que mais tem feito atualmente. Se foi
para o governo de olho numa vaga no STF, calculou errado: o tempo de espera é
longo e para ele ter o prêmio terá que sempre fechar os olhos para os inúmeros
fatos que antes condenava: o laranjal do ministro do Turismo, a rachadinha no
gabinete do filho do presidente, as inúmeras vezes em que o presidente feriu o
princípio da impessoalidade. Para Bolsonaro, tudo é pessoal. Todas as decisões
que toma, ele mesmo anuncia que têm razões pessoais: do filé mignon para os
filhos ao ataque aos jornais. Para quem, como Moro, fez uma carreira combatendo
a improbidade administrativa fica incoerente. Para dizer o mínimo", afirma
a jornalista.
0 comentários:
[ Deixe-nos seu Comentário ]
Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor