(Foto: GISELE PIMENTA)
Em novos diálogos da Vaza Jato, o procurador Carlos Fernando
Lima, parceiro de Deltan Dallagnol, admitiu aos colegas que usava a imprensa
para forjar um ambiente hostil aos investigados e, com isso, conseguir delações
por meio de manipulação — o que interfere em seu caráter voluntário
29 de agosto de
2019
Do Blog da
Cidadania, a partir de reportagem do Intercept – Procuradores da força-tarefa
da Lava Jato usaram vazamentos com o objetivo de manipular suspeitos,
fazendo-os acreditar que sua denúncia era inevitável, mesmo quando não era. O
intuito, eles disseram explicitamente em chats do Telegram, era intimidar seus
alvos para que eles fizessem delações.
Além de ética
questionável, esse tipo de vazamento prova que o coordenador da Lava Jato,
Deltan Dallagnol, mentiu ao público ao negar categoricamente que agentes
públicos passassem informações da operação. Dallagnol participou de grupos nos
quais os vazamentos foram planejados, discutidos e realizados. Em um deles, o
próprio coordenador efetuou o tipo exato de vazamento que ele negou publicamente
que partisse da força-tarefa.
Um exemplo
ilustrativo desse método ocorreu relativamente cedo nas operações. Em 21 de
junho de 2015, o procurador da Lava Jato Orlando Martello enviou a seguinte
pergunta ao colega Carlos Fernando Santos Lima, no grupo FT MPF Curitiba 2, que
reúne membros da força-tarefa: “qual foi a estratégia de revelar os próximos
passos na Eletrobrás etc?”. Santos Lima disse não saber do que Martello estava
falando, mas, com escancarada franqueza, afirmou: “meus vazamentos objetivam sempre
fazer com que pensem que as investigações são inevitáveis e incentivar a
colaboração.”
Pela lei das
organizações criminosas (que estipulou regras para as delações premiadas), o
acordo só pode ser aceito caso a pessoa tenha colaborado “efetiva e voluntariamente”.
Mas o procurador confessou aos colegas que usava a imprensa para forjar um
ambiente hostil e, com isso, conseguir delações por meio de manipulação — o que
interfere em seu caráter voluntário.
Leia mais no Blog da Cidadania
0 comentários:
[ Deixe-nos seu Comentário ]
Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor