"Tem que barrar Bolsonaro antes que ele prenda todos os
democratas num imenso campo de concentração", afirma Alex Solnik, do
Jornalistas pela Democracia, após o ocupante do Planalto atacar a memória do
brigadeiro Alberto Bachelet, morto por tortura na ditadura chilena e pai de
Michelle Bachelet. Com sua declaração, "Bolsonaro não deixa dúvidas"
de que pode "recorrer aos mesmos métodos no Brasil, caso julgue
necessário", acrescenta o colunista
Alex Solnik é
jornalista. Já atuou em publicações como Jornal da Tarde, Istoé, Senhor,
Careta, Interview e Manchete. É autor de treze livros, dentre os quais
"Porque não deu certo", "O Cofre do Adhemar", "A
guerra do apagão" e "O domador de sonhos"
4 de setembro de
2019
Denunciado, em
2016, no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados por crime de apologia à
tortura ao homenagear, no plenário, o comandante do DOI-Codi, Carlos Alberto
Brilhante, durante a votação do impeachment de Dilma Rousseff, o então deputado
Jair Bolsonaro escapou.
Hoje, com muito
mais poder do que então, e maior responsabilidade por tudo o que diz, ele
reincidiu no crime, desta vez parabenizando o ditador Augusto Pinochet, um dos
maiores genocidas da história recente por assassinar, dentre outros milhares, o
pai da ex-presidente chilena e atual chefe do Alto Comissariado para Direitos
Humanos da ONU, Michelle Bachelet.
Preso a 14 de
setembro de 1973, três dias depois da deposição do presidente eleito, o
socialista Salvador Allende, na Academia de Guerra Aérea (AGA), o general da
Força Aérea Alberto Bachelet nunca mais saiu de lá com vida, morto sob tortura
a 12 de março de 1974, aos 50 anos. Em carta à mulher, Ângela Jeria, afirmou
que os torturadores eram seus ex-colegas de armas. Os coronéis Benjamin
Cevallos e Ramón Cáceres Jorquera foram condenados e presos pela Justiça
chilena em 2012.
Alberto
Bachellet e Michelle estão entre as 32 mil pessoas, inclusive crianças,
torturadas, comprovadamente, durante a ditadura Pinochet (1973-1990). Mais de
80 mil foram presos e 3000 assassinados. Artistas também foram alvos. As mãos
do cantor e compositor Victor Jara, um dos maiores do país, foram esmagadas por
coronhadas de seus torturadores. A 16 de setembro de 1973 ele foi fuzilado, no
Estádio Chile, e o corpo jogado próxima a uma favela.
Além de prender,
assassinar, torturar das formas mais cruéis e covardes ele utilizou contra seus
opositores de esquerda gases venenosos, como o sarin, ergueu campos de
concentração, cooptou um ex-nazista e ordenou atentados a bomba.
A 30 de setembro
de 1974, mandou explodir, em Buenos Aires, o carro em que se encontravam o
general Carlos Prats, chefe do Exército de Salvador Allende e sua mulher, Sofia
Cuthbert, no que foi o prelúdio da Operação Condor, à qual aderiram Brasil,
Argentina, Paraguai e Uruguai.
Dois anos
depois, a 21 de dezembro de 1976 eliminou, com a explosão de um carro-bomba, o
ex-chanceler chileno Orlando Letelier e sua secretária americana Ronnie Moffit,
a poucos quarteirões da Casa Branca, em Washington, onde cumpria exílio depois
de sair do campo de concentração da Ilha de Dawson, no Estreito de Magalhães,
onde os presos eram submetidos a trabalhos forçados e mantidos em celas
superlotadas, com temperaturas abaixo de zero.
Paul Schaefer,
ex-enfermeiro do exército nazista alemão que vivia no Chile desde 1961,
colaborou com Pinochet para deter, torturar e enterrar opositores num outro
campo de concentração, apelidado de "Colônia Dignidade".
A ditadura
também desenvolveu armas químicas, como sarin, soman e tabun, o que foi
comprovado quando os tribunais chilenos encontraram vestígios de sarin no corpo
do ex-presidente Eduardo Frei Montalva, assassinado por septicemia após uma
operação de rotina em 1982, quando começou a liderar uma oposição nascente.
Ao exaltar o
modelo pinochetista, ao aplaudir os crimes hediondos do ditador Pinochet, preso
entre 1998 e 2000 na Inglaterra, por crimes cometidos contra cidadãos espanhóis
- Bolsonaro não deixa dúvidas de que não hesitará em recorrer aos mesmos
métodos no Brasil, caso julgue necessário.
Tem que barrar
Bolsonaro antes que ele prenda todos os democratas num imenso campo de
concentração.
3 comentários:
Tristeza o Brasil não merece ter essa imagem anti- democrática por esse comentário grotesco e infeliz de um presidente que não mede consequências pelo que diz e escreve. Maria José Antunes.
Tenho intereso
Tenho intereso
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