(Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)
O novo capítulo dos vazamentos do Intercept tem potencial para
anular toda a operação. Numa das mensagens, Deltan Dallagnol deixa claro que
fazia coisa errada. "Caros, sigilo total, mesmo internamente. Não comentem
nem aqui dentro: Suíços vêm para cá semana que vem", escreveu
27 de setembro
de 2019
"A
força-tarefa da Lava Jato em Curitiba utilizou sistematicamente contatos
informais com autoridades da Suíça e Mônaco para obter provas ilícitas com o
objetivo de prender alvos considerados prioritários --encarcerados
preventivamente, muitos deles vieram a se tornar delatores. Menções a esse tipo
de prática ilegal foram encontradas com frequência em conversas entre 2015 e
2017, conforme revelam mensagens do aplicativo Telegram enviadas por fonte
anônima ao site The Intercept Brasil e analisadas em parceria com o Uol",
aponta a nova reportagem da parceria entre Intercept e Uol.
"Mesmo
alertados sobre a violação das regras, os procuradores da força-tarefa tiveram
acesso a provas ilegais sobre vários dos mais importantes delatores da operação
—como os então diretores da Petrobras Paulo Roberto Costa e Renato Duque; o
então presidente da Transpetro, Sérgio Machado, além de executivos da
Odebrecht, entre eles, o ex-presidente da empresa Marcelo Odebrecht", diz
o texto assinado por Igor Mello, Gabriel Sabóia, Jamil Chade, Silvia Ribeiro e
Leandro Demori.
"Caros,
sigilo total, mesmo internamente. Não comentem nem aqui dentro: Suíços vêm para
cá semana que vem. Estarão entre 1 e 4 de dezembro, reunindo-se conosco, no
prédio da frente. Nem imprensa nem ninguém externo deve saber. Orlando estará
com eles todo tempo, assim como eu (que estarei fora na quarta). Vejam o que
precisam da Suíça e fiquem à vontade para irem a qq tempo, ficarem nas reuniões
todo o tempo que quiserem", escreveu Deltan Dallagnol, em 2015,
O uso de
informações ilícitas chegou até mesmo a ser cogitado para pressionar Sérgio
Machado a fechar delação premiada. A proposta, que foi descartada, foi feita
por Paulo Roberto Galvão, da Lava Jato em Curitiba. "Se é pressão que o SM
está precisando, nós temos conhecimento da conta do filho dele na Suíça",
disse em 13 de abril de 2016, no chat "Conexão BSB -CWB", ao promotor
Sérgio Bruno Cabral Fernandes que negociava a delação de Machado.
"É uma
informação que não podemos usar de forma alguma, pois nos foi passada para
inteligência pelos suíços. Mas acho que se for necessário vc pode dar a
entender que Curitiba já tem conhecimento "de contas no
exterior"", detalhou Galvão.
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