(Foto: REUTERS/Adriano Machado)
Segundo a revista Época, o ministro Sergio Moro estaria decidido
a deixar o governo "se uma canetada de Bolsonaro tirar Maurício Valeixo da
direção-geral da Polícia Federal e não colocar em seu lugar alguém da confiança
de Moro". Desta forma, tentaria sair passando a impressão de que não
aceitou sua submissão sem qualquer autoridade
12 de setembro de 2019
A frigideira de Jair Bolsonaro que tosta o ministro da Justiça,
Sergio Moro, parece estar cada vez mais quente. De acordo com reportagem da
Época, Moro reclama que não tem interlocutores com Bolsonaro e que a relação é
"protocolar".
Enquanto que publicamente Bolsonaro e Moro tentam fazer gestos
que reforcem a ideia de uma relação harmoniosa, como fez no desfile de 7 de
setembro, nos bastidores a relação é fria e difícil.
Diz a Época que "Moro está exaurido" e que
"segundo pessoas de sua confiança, decidido: se uma canetada de Bolsonaro
tirar Maurício Valeixo da direção-geral da Polícia Federal (PF) e não colocar
em seu lugar alguém da confiança de Moro, o ministro deixará o governo".
Em agosto, porém, Bolsonaro não escondeu que iria intervir na
Polícia Federal e ameaçou demitir o diretor-geral Maurício Valeixo, que foi
indicado por Moro.
“Se eu trocar hoje, qual o problema? Se eu trocar hoje, qual o
problema? Está na lei. Eu que indico, e não o Sérgio Moro [ministro da
Justiça]. E ponto final. Qual o problema se eu trocar hoje ele? Me responda”,
disse Bolsonaro.
Policiais próximos de Moro aconselharam o ex-juiz e defenderam
que ele deveria reagir rápido — para poder sair do governo com pelo menos
“algum crédito”.
Mas Moro não deu demonstrações de reação. Pelo contrário, disse
em entrevista à Globonews que não mandava na PF. "Não, não sou o chefe da
Polícia Federal de forma nenhuma. A única pessoa que eu indiquei foi o diretor
da Polícia Federal", disse ele, admitindo que Valeixo poderia deixar a PF.
“Veja, como eu tenho as várias funções aqui do Ministério da Justiça, as coisas
eventualmente podem mudar, mas ele está no cargo, permanece no cargo, tem a
minha confiança".
Em outras ocasiões, Bolsonaro deixou claro que não se importa com
as críticas que chamou de "babaquice" dos policiais que se opõem a
isso. O objetivo de Bolsonaro é blindar seu clã.
Segundo fontes, Moro "sente-se especialmente desconfortável
com o linguajar de Bolsonaro sobre uma série de assuntos", e só atura
Bolsonaro para manter a aparência harmoniosa em nome da agenda política.
A Época afirma que Bolsonaro está desconfortável com a presença
de Moro desde 26 de maio, quando grupos da extrema-direita convocaram atos em
apoio ao governo. O boneco inflável do Super-Moro, em Brasília, teria deixado
Bolsonaro ainda mais incomodado.
Depois disso, pesquisas apontaram ainda que Bolsonaro teve queda
da sua popularidade, enquanto Moro se mantinha como o nome mais forte de seu
governo - até mais do que o presidente.
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