(foto: Ana Rayssa/CB/D.A Press)
Para o ministro do STF, o ex-procurador-geral tem ''problema grave'', o que coloca em dúvida a integridade do seu trabalho durante ocupação do cargo máximo do Ministério Público
28/09/2019
O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF)
afirmou, nesta sexta-feira (27/9), que as "qualidades psicológicas"
do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot colocam em dúvida decisões
judiciais no âmbito da Lava-Jato.
As declarações de Mendes ocorrem em meio à revelação de que
Janot planejou matar o ministro, em 2017, auge da Lava-Jato, em uma sala
reservada no Supremo. Reportagens do Estado de S. Paulo e da revista Veja
revelam que o procurador foi armado ao STF e chegou a engatilhar a arma, com a
finalidade de atirar na cabeça de Gilmar e tirar a própria vida em seguida.
Para Gilmar, as intenções, que foram confessadas por Janot,
revelam grave problema psicológico. "Tenho a impressão que se trata de um
problema grave de caráter psiquiátrico, mas isso não atinge apenas a mim,
atinge a todas as medidas que ele pediu e foram deferidas no Supremo Tribunal
Federal. Denúncias, investigações, e tudo o mais. É isso que tem que ser
analisado pelo país”, disse Gilmar após participar de um evento no Conselho
Nacional de Justiça (CNJ).
Ele lembrou que sempre foi crítico à forma como Janot exercia o
mandato e o chamou de facínora, em uma conversa com a imprensa. "Os
senhores sabem que eu fui, no Supremo Tribunal Federal, sempre um crítico dos
métodos do procurador Janot. Divergências de caráter intelectual e
institucional. Não imaginava que nós tivéssemos um potencial facínora
comandando a Procuradoria-Geral da República", completou Gilmar.
Lista tríplice
Além das críticas direcionadas a Rodrigo Janot, o ministro
Gilmar Mendes questiona a forma como ocorre a escolha do procurador-geral da
República. Desde 2003, integrantes do Ministério Público Federal (MPF) votam em
candidatos que formam uma lista tríplice, que posteriormente é enviada ao
presidente da República.
O chefe do Executivo não é obrigado a nomear alguém que está
entre os três mais votados. Neste ano, o procurador-geral Augusto Aras, que não
participou da votação, foi escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro.
Para Gilmar, essa forma de escolha é corporativista. "Eu
tenho a impressão de que mostra de quão errado foi esse sistema, hoje
corporativo, de escolha de membros do Ministério Público para essa função. Isto
é um pouco o fim de um modelo, eu acredito. Passaram a escolher quem? Passaram
a escolher pessoas que não tinham qualificação jurídica, não tinham
qualificação moral e não tinham qualificação psicológica", declarou o
ministro.
0 comentários:
[ Deixe-nos seu Comentário ]
Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor