O jornalista Luis Nassif analisou os dados do balanço da Globo e
concluiu que, com desempenho operacional negativo e apenas receitas financeiras
em alta, a Globo será fatalmente engolida por concorrentes internacionais no
novo cenário de juros baixos no Brasil
20 de setembro
de 2019
Trecho da coluna
do jornalista Luis Nassif, no GGN – Segundo dados da revista especializada
Teletimes, em 2018, o resultado operacional da controladora foi negativo em R$
530 milhões, contra um resultado negativo de R$ 83 milhões em 2017. A
controladora engloba a TV Globo, a Globoplay e a Som Livre.
Considerando
todo o grupo, a receita operacional foi positiva em R$ 1 bilhão no ano de 2018,
mas registrando uma queda de 44% em relação ao mesmo período de 2017.
O que pesou no
resultado operacional negativo foram os investimentos na Globoplay, plataforma
que pretende concorrer com a Netflix, Amazon e Apple.
A Globoplay
atingirá apenas países de língua portuguesa, Brasil, Portugal e alguns países
africanos. A Netflix só não entra (por enquanto) na China, Crimeia, Coreia do
Norte e Siria.
No Brasil, junto
ao público jovem – que em alguns anos será o público total do mercado – o nome
Globo tem muito menos penetração do que Netflix ou Apple.
Volte aos
números de balanço. Em 2018 a receita líquida da controladora Globo foi de R$
10 bilhões. Do grupo todo, R$ 14,8 bilhões. Com o dólar a R$ 4,00, significa
uma receita total de US$ 3,7 bilhões, estabilizada, em crescimento lento ou
queda.
A receita da
Netflix foi de US$ 14,7 bilhões, em alta. A perspectiva é de crescimento de 26%
ao trimestre. Apenas no Brasil, a Netflix já tem um faturamento estimado em R$
1,8 bilhão, quase 10% da Globo. A Netflix pretende investir apenas em novas
produções US$ 10 bilhões.
E a Netflix é
peixe pequeno perto dos novos competidores. O faturamento da Amazon é de US$
252 bilhões. O da Apple, US$ 259 bilhões. O Amazon Prime atua em 18 países e
tem mais de 100 milhões de assinantes.
O único setor em
que a Globo se dá bem é na venda de conteúdo pelos canais Globosat, que
responde por 54% do lucro bruto do grupo. O restante vem da TV aberta e da
Internet.
No país dos
juros recordistas, o que tem sustentado a Globo são as receitas financeiras. No
consolidado do grupo, as receitas financeiras saltaram de R$ 943 milhões para
R$ 1,06 bilhão em 2018.
No final, a
realidade vai se impor e a globalização, tão defendida pela Globo, se incumbirá
de coloca-la no seu papel, no novo mundo da mídia que se descortina: ou uma
provedora de conteúdo, não mais do que isso; ou a venda para um dos gigantes da
mídia global.
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