
(Foto: Rosinei Coutinho/SCO/STF)
O novo capítulo da Vaza Jato revela que Gilmar Mendes e o
Supremo Tribunal Federal foram enganados pela Lava Jato para que Lula não fosse
ministro da Casa Civil e Dilma fosse derrubada. Não fosse essa manipulação, o
Brasil ainda seria uma democracia e não a vergonha da humanidade, diz o
jornalista Leonardo Attuch, editor do 247
Leonardo Attuch
é jornalista e editor-responsável pelo 247, além de colunista das revistas
Istoé e Nordeste
8 de setembro de
2019
A história do
Brasil poderia ser outra se no dia 18 de março de 2016 o ministro Gilmar
Mendes, do Supremo Tribunal Federal, não tivesse impedido a posse do
ex-presidente Lula como ministro da Casa Civil da então presidente Dilma
Rousseff. Não teria havido golpe de estado, os brasileiros seriam pelos 20%
mais ricos do que são hoje, o Brasil não teria sido convertido em colônia de
férias de Donald Trump e não estaríamos discutindo insultos à primeira-dama
francesa, agressões a vítimas de ditaduras no Brasil e no Chile ou censura a
livros na Bienal do Rio de Janeiro. O Brasil teria seguido o curso normal de
sua democracia.
A história, no
entanto, não foi essa. Sabe-se agora, pelo novo capítulo da Vaza Jato, que a
Lava Jato omitiu diálogos de Lula para impedir sua posse na Casa Civil. Os
diálogos demonstram que Lula pretendia apenas reconstruir a aliança com o PMDB,
garantir a governabilidade da ex-presidente Dilma e também deixava claro que
não queria escapar da Lava Jato – apenas mudava de jurisdição, uma vez que
passaria a ter, como ministro de Dilma, a prerrogativa de foro.
O que os novos
áudios revelam é que apenas um áudio – ilegal, diga-se de passagem – foi vazado
pelo ex-juiz Sergio Moro para a Globo para criar um clima de comoção nacional,
como se Lula pretendesse obstruir a justiça. O Palácio do Planalto foi cercado
por bolsonaristas e, diante desse ambiente de intensa pressão, fruto de uma
manipulação judicial, Gilmar decidiu impedir a posse de Lula na Casa Civil.
À luz das
revelações deste domingo, Gilmar, que foi ludibriado pela Lava Jato, não tem
alternativa a não ser pedir desculpas ao ex-presidente Lula, por ter impedido
sua posse, e também à ex-presidente Dilma Rousseff, por ter tomado uma decisão
que abriu as portas para o golpe de estado de 2016. Um golpe que lançou o
Brasil ao precipício do neofascismo e que, segundo o decano do Supremo Tribunal
Federal, Celso de Mello, inagura uma era de trevas no país. Esse pedido não irá
fazer voltar o relógio da história, mas fará bem à biografia de Gilmar e
permitirá aos historiadores escrever o que realmente se passou no Brasil no ano
do golpe de 2016.
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