3 setembro,
2019
O procurador
Deltan Dallagnol considerou durante mais de um ano se candidatar ao Senado nas
eleições de 2018, revelam mensagens trocadas via Telegram e entregues ao
Intercept por uma fonte anônima. Num chat consigo mesmo, que funcionava como
espaço de reflexão do procurador, ele chegou a se considerar “provavelmente
eleito”.
Também avaliou
que a mudança que desejava implantar no país dependeria de “o MPF lançar um
candidato por Estado” — uma evidente atuação partidária do Ministério Público
Federal, proibida pela Constituição.
As mensagens
indicam, ainda, que a candidatura não era meramente um plano pessoal de
Dallagnol, mas, diante de um “sistema político derrubado”, um desejo de
procuradores que ia além da Lava Jato e do Paraná. Em mais de um momento, ele
afirma que teria apoio da força-tarefa caso decidisse concorrer, o que indica
que isso foi tema de debates internos.
O procurador
também dá a entender ter tratado da candidatura com figuras como o jurista
Joaquim Falcão, professor da Fundação Getúlio Vargas no Rio de Janeiro,
ex-presidente da Fundação Roberto Marinho e membro da Academia Brasileira de
Letras.
Apesar de ver
a política como “algo que está no meu destino”, Dallagnol decidiu no final de
2017 permanecer procurador da República, mas não abandonou a ideia de ver seu
retrato nas urnas eletrônicas.
“Tenho apenas
37 anos. A terceira tentação de Jesus no deserto foi um atalho para o reinado.
Apesar de em 2022 ter renovação de só 1 vaga e de ser Álvaro Dias, se for para
ser, será. Posso traçar plano focado em fazer mudanças e que pode acabar tendo
como efeito manter essa porta aberta”, escreveu, em 29 de janeiro de 2018, numa
longa mensagem enviada para ele mesmo.
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