Há um ambiente de perplexidade e repulsa ao discurso de
Bolsonaro na ONU. Nem os mais pessimistas imaginaram que ele pudesse usar a
tribuna das Nações Unidas para um discurso de extrema-direita sem qualquer limite.
"Ele (Bolsonaro) acabou de perder a última chance de ser respeitado",
avalia um integrante da cúpula da ONU
24 de setembro
de 2019
Diplomatas,
políticos, analistas e jornalistas estáo horrorizados com o discuro de Jair
Bolsonaro na ONU na manhã desta terça-feira (24). O clima de é perplexidade e
de condenação a um discurso considerao sem precedentes por sua agressividade e
acento de extrema-direita.
Um dos mais experientes correspondentes internacionais
do país, Jamil Chade, resumiu assim a perplexidade global: “Jair Bolsonaro não
tinha chegado sequer à metade de seu discurso e meu whatsapp, Signal e email já
estavam sendo bombardeados por mensagens de diplomatas e representantes de
entidades internacionais. Todos chocados com o que estavam ouvindo. Mas uma das
mensagens particularmente dura veio de um representante que faz parte da cúpula
das Nações Unidas: 'Ele (Bolsonaro) acabou de perder a última chance de ser
respeitado'. Em outra mensagem, um mediador perguntava: 'há algo mais extremo
que essa visão de mundo?'.“
Se na diplomacia
internacional a condenação é unânime, o ambiente no Itamaraty não é diferente.
Sob a condição do anonimato, diversos diplomatas conversaram com a jornalista
Bela Megale e avaliaram o discurso como
sendo o mais agressivo já feito por um presidente brasileiro desde 1949, ano em
que o Brasil começou a abrir a cerimônia. Para os diplomatas, o teor do
discurso proferido por Bolsonaro deverá ampliar a tendência de isolamento
internacional do Brasil.
No Congresso
Nacional, parlamentares ligados ao campo democrático consideraram o discurso de
Bolsonaro como “vergonhoso” Para o líder do na Câmara, Paulo Pimenta, Bolsonaro
demonstrou o seu “cinismo” durante sua fala. “Que vergonha! Bolsonaro é cínico
ao se mostrar como defensor dos povos indígenas e hipócrita ao acusar gente
como o cacique Raoni, que tem décadas de militância ambiental em defesa da
Amazônia e por isso é odiado pelos ruralistas amigos do presidente miliciano”,
postou o deputado no Twitter.
A deputada
federal pelo PSOL-SP, Sâmia Bonfim afirmou que Bolsonaro "usou a tribuna
da ONU para atacar ONGs, cientistas, ativistas dos direitos humanos e a própria
democracia brasileira. Agressivo, negou o inegável a respeito do desmatamento
na Amazônia. Chegou a dizer que os indígenas também fazem queimadas”.
A candidata à
vice-presidência pelo PSOL, a ex-deputada federal Manoela D’Ávila (RS) usou seu
perfil para apontar o retrocesso no tom adotado por Bolsonaro: “Após o discurso
de Bolsonaro na ONU, concluí que estamos em 1963 já que tudo se justifica pelo
medo da “infiltração de agentes cubanos”. Ele anunciou 1) o fim do programa
mais médicos q atendia aos mais pobres do país; 2) que os nativos brasileiros
são seres humanos; 3) que a vergonha não
tem fim”.
O senador
Randolfe Rodrigues (REDE-AP) classificou como “vergonhoso” o discurso de
Bolsonaro: "O Brasil nunca passou tanta vergonha na ONU! Bolsonaro foi até
lá culpar nossos indígenas pela sua gestão ridícula da crise na Amazônia,
atacou nações que nos ofereceram ajuda, defendeu a ditadura militar e
esbravejou asneiras ideológicas diante do mundo! Vexame!”.
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