A coluna Painel da Folha de S.Paulo informa que uma contradição
revelada no livro de Rodrigo Janot vai alimentar o pedido de suspeição dos
procuradores de Curitiba, feito por Lula no STF
2 de outubro de
2019
A defesa de Lula
está convicta de que as revelações do livro do ex-procurador geral Rodrigo
Janot atestam que havia na Operação Lava Jato uma orientação tomada a priori de
prender o ex-presidente, o que levou os procuradores a cometerem abusos.
Para Cristiano
Zanin, advogado de Lula, os episódios narrados por Janot mostram que “todos os
abusos identificados e formalizados por meio de recursos no Judiciário não
prosperaram porque havia essa dinâmica interna”.
Janot narra que
repreendeu integrantes da força-tarefa por ignorarem limites impostos pelo
Supremo na formulação da primeira denúncia contra Lula. Mas depois entrou em
contradição e em 2016, quando advogados do ex-presidente questionaram Teori
Zavascki sobre o ato da Lava Jato, o então chefe da PGR defendeu a conduta dos
colegas.
Janot conta no
livro uma conversa com Deltan Dallagnol e outros procuradores que o
pressionavam a denunciar Lula antes de outros investigados para dar sustentação
à acusação que haviam feito, dias antes, no caso do tríplex. “Dallagnol e os demais colegas tinham vindo
cobrar uma inversão da minha pauta de trabalho. Eles queriam que eu denunciasse
imediatamente o ex-presidente Lula por organização criminosa, nem que para isso
tivesse que deixar em segundo plano outras denúncias”, diz Janot.
O ex-procurador
conta ainda que teve com esses procuradores uma dura conversa dias após a Lava
Jato denunciar Lula, no dia 14 de setembro. No auge da discussão, acusado de
interferir no trabalho de Curitiba, Janot rebateu: “O ministro Teori excluiu
expressamente a possibilidade de vocês investigarem e denunciarem Lula por
crime de organização criminosa, que seguia no Supremo. E vocês fizeram”. “Vocês desobedeceram à ordem do ministro”,
concluiu o então procurador, segundo o próprio relato.
Ao STF, porém,
dia 16 de setembro, em resposta a reclamação na qual a defesa dizia que Lula
estava sendo investigado pelos mesmos fatos em dois lugares, STF e Curitiba,
Janot desqualificou o argumento e defendeu a Lava Jato.
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