Para Florestan Fernandes, do Jornalistas pela Democracia,
"a novela sobre a progressão para o regime semiaberto da pena imposta ao
ex-presidente Lula não poderia ter um capítulo tão carregado de ódio e
violência como o desta terça-feira", quando a juíza Carolina Lebbos impôs
uma multa de quase R$ 5 milhões. "Quem escreverá os capítulos finais serão
os ministros do Supremo", diz ele
Florestan
Fernandes Júnior é jornalista, escritor e integrante do Jornalistas pela
Democracia
2 de outubro
de 2019
Por Florestan
Fernandes Jr., do Jornalistas pela Democracia - A novela sobre a progressão
para o regime semiaberto da pena imposta ao ex-presidente Lula não poderia ter
um capítulo tão carregado de ódio e violência como o desta terça-feira, 01 de
outubro, em Curitiba.
O episódio
protagonizado pela juíza Carolina Lebbos, estabelecendo uma multa de quase 5
milhões de reais ao ex-presidente para obter tal benefício, mostra bem a
dimensão da perseguição sofrida por Lula desde o início do processo conhecido
como o do Triplex do Guarujá.
Como todos
sabem, a delação do dono da OAS, Léo Pinheiro, de que o apartamento seria para
Lula é desprovida de qualquer prova material. Não existe escritura no nome do
ex-presidente e de seus familiares, nenhum documento de tal compromisso e muito
menos áudios, fotos ou vídeos comprometedores. Absolutamente nada! Apenas uma
declaração verbal de um empresário envolvido em corrupção querendo sua
liberdade e o benefício da redução de pena pela delação premiada. Era a palavra
dele contra a de Lula.
Dúvida que foi
dirimida pelas "convicções" de Sergio Moro. Como me disse certa vez o
ex-ministro do Exército, Leonidas Pires Gonçalves, a verdade é filha do poder.
Quem tem o poder diz qual é a verdade. E o poder, no caso do Triplex, estava
nas mãos do juiz Moro.
Desde o início
da série Lava Jato vimos de tudo. Com imagens e áudios, como as mochilas de
dinheiro entregues por executivos da JBS ao primo de Aécio Neves, as malas com
milhões de reais em apartamento de Geddel Vieira Lima na Bahia, cartões de
crédito internacionais fornecidos por Paulo Preto a políticos tucanos e contas
em paraísos fiscais de pessoas "respeitáveis" da República. Todos
gozando de plena liberdade apesar das provas robustas e comprovadas.
Mas quem
cumpre pena de mais de 8 anos de prisão por corrupção é Lula, que não tem
contas no exterior e nem patrimônio incompatível com a sua renda. Em maio do
ano passado, a OAS vendeu em leilão público, pelo preço mínimo de R$ 2,2
milhões, o Triplex que seria, mas nunca foi, de Lula. Dinheiro que foi direto
para os cofres da União. Mas, mesmo assim, a poderosa que diz qual é a verdade
neste momento, a juíza Carolina Lebbos, quer que Lula pague R$ 5 milhões para
ter o direito de cumprir pena em casa.
É bom lembrar
que a progressão do regime fechado para o semiaberto de Lula foi pedido de
maneira inédita pela força-tarefa da Lava Jato na semana passada, no auge dos
escândalos da Vaza Jato que escancaram a parcialidade no julgamento do
ex-presidente.
Em carta, Lula
deixou claro que não aceitaria barganhar sua liberdade. Quer que a sentença
seja anulada e um novo julgamento seja feito dentro dos parâmetros legais. Para
não correr o risco de ouvir de Lula um não com muita convicção, a saída foi
impor uma multa absurda para incompatibilizar financeiramente a liberdade
consentida.
O término
dessa novela promete se arrastar um pouco mais. Quem escreverá os capítulos
finais serão os ministros do Supremo. Nesta quarta-feira (O2/10), o STF,
contrariando interesses da Lava Jato, sinalizou que estamos voltando ao Estado
Democrático de Direito ao decidir que os réus delatados devem apresentar as
alegações finais após os réus delatores. Isso garante o principio da ampla
defesa e pode resultar na anulação de várias sentenças da operação Lava a Jato,
dentre elas a que trata do sitio de Atibaia.
Com isso, é
grande a expectativa de que a liberdade finalmente seja concedida a Lula, e ele
possa retornar pra casa e para os braços de sua namorada, a socióloga Rôsangela
Silva.
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