Jornalista Helena Chagas diz que Jair Bolsonaro está fazendo
Sergio Moro beijar a cruz. "Para quem surpreendeu o país no comando da
maior e mais implacável investigação de corrupção, o ex-juiz e atual ministro
da Justiça está sofrendo um inusitado castigo. É autor de um ofício ao
Procurador Geral da República questionando investigação policial antes mesmo de
ela ser concluída", diz Helena
30 de outubro
de 2019, 16:18 h
Helena Chagas
é jornalista, foi ministra da Secom e integra o Jornalistas pela Democracia
Jair Bolsonaro
está fazendo Sergio Moro beijar a cruz. Para quem surpreendeu o país no comando
da maior e mais implacável investigação de corrupção realizada em terras brasileiras, acusada
inclusive de abusos resultantes de seu furor investigativo — sempre negados por
ele —, o ex-juiz e atual ministro da Justiça está sofrendo um inusitado
castigo. É autor de um ofício ao Procurador Geral da República questionando uma
investigação policial antes mesmo de ela ser concluída.
O presidente
da República teve seu nome citado no depoimento de um porteiro sobre a entrada
de um dos acusados do assassinato da vereadora Marielle Franco no condomínio em
que Bolsonaro reside, sendo supostamente autorizado a entrar com destino à sua
casa. Bolsonaro estava em Brasília nesse dia, e talvez bastasse provar isso de
forma cabal. Não poderia ter se reunido com o suposto assassinato no dia do
crime — e, embora o fato de o miliciano acusado ter dito que ia à sua casa seja
altamente constrangedor, não comprova qualquer crime.
Ou seja, quem
não deve, não teme. E se Bolsonaro não se reuniu com o sujeito, não se reuniu.
Não há como incriminá-lo se isso de fato ocorreu. O próprio PGR Augusto Aras
parece acreditar nisso, e está remetendo
o caso à procuradoria no Rio.
Tampouco soa
legítima, porém, a interferência do Executivo na investigação. Bolsonaro, com o
apoio de Moro, quer que o porteiro seja novamente ouvido. Mas nem o presidente
da República e nem seu ministro da Justiça têm prerrogativa legal para
interferir em investigações e diligências em curso, recomendando novos
depoimentos ou retificações sobre eles.
O ex-juiz da
Lava Jato aponta “possível equívoco” na investigação e “eventual tentativa de
envolvimento indevido do nome do presidente da República no crime”, advertindo
que tais atos podem configurar crimes de obstrução à Justiça, falso testemunho
ou denunciação caluniosa.
Moro, quem te
viu, quem te vê!
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