Enquanto Moro investe contra o ministro do Turismo e o próprio
Bolsonaro, por meio da Polícia Federal, o presidente corta a publicidade do
pacote anticrime e declara amor a Rodrigo Maia, que aponta o ministro da
Justiça como uma ameaça às instituições democráticas; leia a análise de
Leonardo Attuch, editor do 247
6 de outubro de
2019
Leonardo Attuch
é jornalista e editor-responsável pelo 247, além de colunista das revistas
Istoé e Nordeste
Sergio Moro e
Jair Bolsonaro estão em guerra. Uma guerra fria, não declarada, mas que só terá
um vencedor ou, talvez, dois perdedores. Na sexta-feira, comandada por Moro, a
Polícia Federal indicia o ministro do Turismo, Marcelo Alvaro Antonio, pelo
laranjal do PSL.
No mesmo dia,
começa a circular a revista Veja, com Moro na capa, em que ele afirma que não
disputará eleições e que Jair Bolsonaro é seu candidado a presidente em 2022.
Ou seja: Moro vestiu óculos escuros para ver se enganava Bolsonaro.
Como Bolsonaro
pode ser tudo, menos idiota, na sexta-feira ele convocou o chefe da PF,
Maurício Valeixo, para uma reunião fora da agenda, segundo informa neste
domingo o jornal O Globo. Disse que “falaram sobre tudo”. Horas depois, a
propaganda do pacote anticrime foi suspensa.
Bolsonaro
atribuiu o corte na publicidade do pacote de Moro a ações judiciais movidas por
parlamentares de esquerda, a típica desculpa para boi dormir. Foi uma clara
retaliação à investida de Moro contra seu ministro do Turismo, que,
aparentemente, sabe muito.
Como Moro apenas
finge amor por Bolsonaro, a Folha de S. Paulo amanhece neste domingo com uma
manchete em que um ex-assessor do PSL envolve o próprio presidente no laranjal
do PSL. De onde vem o documento? Da PF, subordinada a Moro.
E o que faz
Bolsonaro? Dá entrevista ao Estado de S. Paulo em que blinda o ministro do
Turismo e declara amor verdadeiro a Rodrigo Maia. O que faz Maia, por sua vez?
Diz que Moro é uma ameaça permanente às instituições democráticas, em entrevista
ao UOL.
Quem vencerá o
duelo? Moro tem a Globo, que pretende divulgar reportagens sobre as rachadinhas
do esquema Queiroz, e talvez o “deep state” norte-americano. Bolsonaro tem
Trump e as emissoras periféricas. Façam suas apostas e comprem suas pipocas.
1 comentários:
UAL
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