"Com o prêmio, Paris na prática reconhece o status de preso
político ao ex-presidente Lula, honraria com a qual os golpistas, como FHC,
jamais poderão sonhar. Os ministros do Supremo devem correr para desfazer o
quanto antes a lambança feita no Brasil. Ou pelo menos tenham a decência de
jamais voltar a pisar em Paris", diz o jornalista Leonardo Attuch, editor
do 247
Leonardo Attuch
é jornalista e editor-responsável pelo 247, além de colunista das revistas
Istoé e Nordeste
3 de outubro de
2019
A concessão pela
cidade de Paris do título de Cidadão de Honra ao ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva é a maior paulada que o Brasil recebe em muitos anos. E também uma
lição para os 11 ministros do Supremo Tribunal Federal, que, ontem, mais uma
vez, decidiram nada decidir sobre como a nova jurisprudência da Lava Jato se
aplica ao caso Lula – talvez pelo temor do que possam pensar "o cabo e o
soldado".
É possível, e
bastante provável, que os ministros do STF tenham em Paris sua cidade preferida.
Afinal, quem não gosta de caminhar à beira do Sena, de tomar uma cerveja numa
brasserie ou uma taça de vinho num bistrô do Quartier Latin? Pois é, quando e
se algum dos 11 juízes supremos brasileiros vier a participar de qualquer
conferência jurídica em Paris, a questão será inevitável: por que um cidadão de
honra em Paris é um preso político em Curitiba?
Nenhum deles
terá resposta para isso, porque a verdade é incontestável. Lula foi preso pelo
ex-juiz Sergio Moro apenas porque venceria a eleição presidencial de 2018, em
primeiro turno. E se Lula vencesse, o golpe de 2016, que derrubou a
ex-presidente Dilma Rousseff, recentemente aclamada na Sorbonne, seria contido
e o choque neoliberal não seria aplicado no Brasil. Detalhe: como nem a prisão
impediria a vitória de Lula, foi preciso que o ministro Luis Roberto Barroso
jogasse no lixo toda a jurisprudência eleitoral no Brasil. Ah, Barroso, que
papelão.
A vergonha se
estende aos brasileiros endinheirados que apoiaram o golpe de estado e, de
tempos em tempos, se mandam para Paris. O mundo sabe que Lula retirou 30
milhões de brasileiros da miséria e foi vítima de uma farsa judicial. A
humilhação também se aplica a qualquer integrante do governo Bolsonaro, que só
existe porque o ex-juiz Sergio Moro expulsou de campo o time adversário.
Outro personagem
que não pode ser esquecido é o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que,
segundo sua ex-amante, tem há vários anos um apartamento à disposição na Avenue
Foch, uma das mais caras de Paris, e jamais foi molestado pelo Poder
Judiciário. Pior: FHC ajudou a articular o golpe de estado que destruiu a
economia brasileira e permitiu a ascensão de um governo neofascista. Triste fim
para quem se pretendia o príncipe da sociologia no Brasil.
Com o prêmio,
Paris na prática reconhece o status de preso político ao ex-presidente Lula,
honraria com a qual os golpistas, como FHC e tantos outros, jamais poderão
sonhar. Os ministros do Supremo devem correr para desfazer o quanto antes a
lambança feita no Brasil. Ou pelo menos tenham a decência de jamais voltar a
pisar em Paris.
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