POR FERNANDO
BRITO · 01/11/2019
A Doutora
Carmem Eliza Bastos de Carvalho, promotora do caso Marielle Franco-Anderson
Gomes, não resistiu à exposição de suas fotos na internet com propaganda de
Jair Bolsonaro e na sorridente pose com o deputado Rodrigo Amorim, que ficou
notório por sua foto vilipendiando a memória da vereadora ao quebrar a placa
com o seu nome.
A doutora fez
um bem à apuração ao caso, ao Ministério Público e a si mesma.
Tinha virado
chacota e já li, num dos comentários de notícias, alguém chamá-la de promitora.
Aprendeu à
força algo que se deveria saber de alma: decoro.
A função
pública obriga a muito mais que os negócios privados. Não basta ser “legal” e
permitido, é preciso ser ético.
Por exemplo:
um promotor que persegue a corrupção em um empresa não pode tirar um pouco (se
é que R$ 2 bi são pouco) dela para serem colocados numa fundação que ele
próprio vai gerir.
Um juiz que
condena e impede de que concorra o candidato favorito à Presidência não pode
ser ministro do candidato que vence por WO e dele receber um ministério e a
promessa de uma cadeira no Supremo.
O impedimento,
no processo judicial, é uma figura assentada essencialmente no caráter do juiz
e do promotor, mas cai em desuso quando estes perdem a noção de que isso não é
uma opção pessoal sem consequências, mas a própria garantia de que o processo
legal seja o devido e o crível.
Resta aos
promotores remanescentes, diante das dúvidas públicas que já levaram o caso
Marielle a ser chamado pela ex-procuradora geral da República a ser algo
deformado e corrompido, não usarem o segredo de justiça como instrumentos de
lambança.
Periciem não
cópias de arquivos, mas os equipamentos do condomínio onde se registravam as
ligações. Tomem a providência básica de requerer da Gol – já dei o código dos
bilhetes aqui – qual o horário de volta ao Rio de Jair Bolsonaro – protejam o
porteiro que é testemunha e não acusado.
Não tratem a
investigação como aqueles letreiros de novelas que, retratando fatos reais,
colocam um cartaz ao final dizendo que “qualquer semelhança é mera
coincidência”.
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