(Foto: Ricardo Stuckert)
"Eles sabem que sou inocente, sabem que mentiram, e tudo
isso sustentado pela necessidade que a Globo tinha de destruir o PT. E, para
destruir o PT, tinha que destruir o governo da Dilma e, para destruir o governo
da Dilma e o Lula voltar não dava certo, então tinha que destruir o Lula
também. Tudo isso é um conluio sem precedente na história do país", disse
o ex-presidente Lula
2 de novembro
de 2019
Havia um clima de discreto otimismo entre os assessores e advogados
de Lula. Ontem, uma decisão do STJ suspendeu o julgamento de uma questão sobre
o processo do sítio de Atibaia — o que foi visto como vitória porque levaria o
caso de volta às alegações finais, mas não anularia o processo, como quer a
defesa do ex-presidente. Além disso, a votação em andamento no Supremo Tribunal
Federal sobre a prisão em segunda instância traz, pela primeira vez, uma
possibilidade concreta de liberdade para Lula, ainda em novembro.
Mais do que a
esperança, porém, é a ironia que aparece na entrevista concedida pelo
ex-presidente na sala da PF, onde, ladeado por policiais ele recebe os
jornalistas — obrigados, pela polícia, a ficar a pelo menos três metros de
distância dele. Ao comentário sobre a gravata com as cores do Brasil que usa
com blazer e calça jeans dispara: “Essa gravata tem história, rapaz, é de
quando conquistamos as Olimpíadas em Copenhagen. Eu ganhei 18. Como vou viver
até os 120 anos tenho gravata para usar o tempo que quiser”, provoca.
E não há
sinais de comemoração em sua resposta sobre suas primeiras vitórias na Justiça:
“Eu deveria ficar até carrancudo quando você faz uma pergunta dessa, mas é tão
hilário o que aconteceu na minha vida… Estou agarrado pelo monstro e estou
rindo”, diz, antes de prometer: “Podem perguntar o que quiserem, não ficarei
nervoso como o Bolsonaro ficou ontem à noite”, referindo-se à live do atual
presidente depois da reportagem da rede Globo sobre o depoimento do porteiro do
condomínio da Barra da Tijuca, dizendo que um dos acusados de assassinar a
vereadora Marielle Franco havia procurado Bolsonaro na noite do crime.
Bom humor,
indignação e alfinetadas aos adversários políticos se alternam nesta segunda
entrevista do dia — antes da Pública, ele tinha recebido uma equipe de TV
francesa. O tempo apertado de 60 minutos marcados no relógio, por imposição das
regras da prisão, pressiona ex-presidente e entrevistadores, mas ele sabe do
que quer falar. “Nesse país, pode ter certeza, só tem um partido político que
funciona como partido político: é o PT”, diz, para emendar: “Você percebe que o
partido do Bolsonaro não existia ontem e que agora, por causa de uma eleição,
eles vão receber R$ 400 milhões ou mais do fundo partidário? Qual a empresa que
vai ganhar R$ 400 milhões do nada?”, cutuca.
Entre os
muitos temas abordados na entrevista, a relação com Dilma e as decisões sobre
as próximas eleições deixam claro que Lula, preso ou solto, vai dar as cartas
em 2020. “Num partido como o PT o partido tem que fazer prevalecer a sua
vontade e decidir quem vai ser candidato. Como é que você vai ganhar o carnaval
se você não se apresenta?”
Leia a
entrevista completa em:
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