POR FERNANDO
BRITO · 04/11/2019
Nos anos 70, um
programa humorístico da Globo, escrito por Max Nunes e Haroldo Barbosa e
estrelado por Jô Soares e Renato Corte Real – “Lelé e Da Cuca”, lembrarão os
mais antigos – tinha o título de “Faça Humor, Não Faça a Guerra”, brincando com
a referência hippie, em ritmo de iê-iê-iê.
Era humor –
engraçado e irreverente – mas que nada tinha de enfrentamento com o poder
autoritário do qual a Globo era cúmplice e sócia.
Sinto o mesmo
quando vejo nos humorísticos da Globo, hoje, os ataques hilários – e nada
difíceis, sem demérito aos roteiristas – a Jair Bolsonaro.
Nada de mais, é
mesmo tosco e caricato o comportamento do presidente e sua prole, destas de dar
descanso aos cartunistas que tanto amo – e exploro, cá no blog, reproduzindo
seus traços – porque a piada, copyright Zé Simão, é pronta.
Não é o mesmo o
que ocorre com o lado “sério” e magistral da emissora, no jornalismo ou no que
assim se intitula, que mais mereceria o nome de “editorial”.
Fala-se, é fato,
de Jair Bolsonaro com um certo desprezo, como aquele tratamento que as elites
dão aos subalternos: torce-se o nariz à grosseria, ao filhotismo, á falta de
modos.
Mas é-lhe
reconhecida a condição de serviçal eficiente.
Bolsonaro jamais
é atacado no que de mais danoso ao país e ao povo faz, porque o que de mal e
danoso faz é exatamente o que querem que ele faça.
O problema é que
o clown que puseram como rei, rei quer ser e continuar sendo.
A destruição da
política que promoveram deixou-os sem políticos para lançar mão.
A alternativa
que têm é algo por demais “da casa”, de quem não quiseram lançar mão, por
arriscado, em 2018, mas que deixam a mão para 2022, seu bom moço Huck..
Tê-lo candidato,
num quadro onde as forças da direita não estão unificadas – Bolsonaro é
presidente e João Dória é governador de São Paulo, e isso os faz fortes apenas
pelo cargo – é submeter-se a uma disputa onde não terão o monopólio que marcou
a existência do Império Globo.
Outro império, o
dos os romanos, aceitou os bárbaros como garantidores de suas fronteiras, mas
não soube ceder-lhes poder político quando chegaram os hunos.
A Globo, até
agora, dispara balas de festim contra Bolsonaro, o que só provoca reações da
fera. Paquidermes como ele têm couro grosso, e foi sua natureza e agressividade
de rinoceronte que o elegeram.
Não se sabe se a
Globo tem outra munição. E menos ainda se quer usá-la.
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