(Foto: Stuckert)
"Cabe agora a Lula, com toda a sua habilidade, reconstruir
o Brasil das cinzas, em aliança até com setores nacionalistas das forças
armadas que, certamente, não concordam com a entrega total do Brasil aos
desejos de Donald Trump e Steve Bannon, protagonistas do neofascismo
global", diz o jornalista Leonardo Attuch, editor do 247
8 de novembro
de 2019
Leonardo
Attuch é jornalista e editor-responsável pelo 247, além de colunista das
revistas Istoé e Nordeste
O
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva já construiu uma biografia épica, que
todos conhecem. Venceu a fome, a miséria, chegou à presidência da República de
um dos países mais importantes do mundo, cuja elite infelizmente não vê como
tal, e tirou mais de 30 milhões de pessoas da pobreza, num governo marcado por
forte crescimento econômico e inclusão social. Se não bastasse, fez o Brasil
ser respeitado internacionalmente e lançou as bases de "um outro mundo
possível", em que o Grande Sul Global, como diz meu amigo Pepe Escobar,
começou a se levantar.
Sua luz
brilhou tão forte que os camisas-pretas não suportaram tamanho sucesso. Sua
sucessora Dilma Rousseff foi derrubada por meio de um golpe de estado
vergonhoso, em que os piores ladrões do Congresso afastaram a presidente
honesta em nome do "combate à corrupção", e ele foi preso para ser
impedido de disputar uma eleição que conseguira vencer de dentro da cadeia.
Durante mais
de 600 dias, a elite brasileira, incapaz de reconquistar o poder pelo voto
popular, suspendeu a constituição brasileira, para que fosse possível perpetrar
a fraude eleitoral.
O plano
original, todos sabem, era trazer de volta os tradicionais representantes das
elites, em especial o PSDB, ao poder, mas os tucanos também foram tragados pelo
processo de ódio político que ajudaram a deflagrar. O resul;tado está aí: um
Brasil bestializado, motivo de pena e comiseração ao redor do mundo, em que
ídolos fascistas agridem um jornalista numa rádio, ministros celebram a
ignorância e até investigações sobre o brutal assassinato de uma mulher negra
são acobertadas pelas autoridades.
É esse Brasil
embrutecido – e que não foi capaz de gerar crescimento nem de entregar
plenamente as riquezas nacionais, como demonstra o leilão do pré-sal – que Lula
encontrará ao sair da prisão. Um Brasil que necessita desesperadamente de
alguém que tenha capacidade de transmitir ao povo brasileiro a ideia de que o
Brasil é grande e que não cabe no quintal de ninguém.
Em várias
entrevistas, Lula já declarou que sairá da prisão política melhor do que
entrou. Mas ele encontra um Brasil muito pior do que deixou. Eu me lembro de
uma capa da revista Istoé, no final de seu segundo mandato, cuja capa estampava
a seguinte manchete: "nunca fomos tão felizes". Era verdade. Sob
Bolsonaro, nunca fomos tão ridículos e até os golpistas sabem disso. Cabe agora
a Lula, com toda a sua habilidade, reconstruir o Brasil das cinzas, em aliança
até com setores nacionalistas das forças armadas que, certamente, não concordam
com a entrega total do Brasil aos desejos de Donald Trump e Steve Bannon,
protagonistas do neofascismo global.
0 comentários:
[ Deixe-nos seu Comentário ]
Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor