O colunista Ricardo Kotscho afirma que o grau de violência do
governo atingiu níveis inéditos e que a própria compilação desses dados vai se
tornando uma tarefa complexa. Ele diz: "são tantos os casos de violência
gratuita, de ministros a guardas de esquina e milicianos, que já nem dá tempo
de registrar tudo o que vem acontecendo"
28 de novembro
de 2019
Ricardo Kotscho
é jornalista e integra o Jornalistas pela Democracia. Recebeu quatro vezes o
Prêmio Esso de Jornalismo e é autor de vários livros.
Por Ricardo
Kotscho, para o Jornalistas pela Democracia - Faltam-me adjetivos para definir
o que sinto ao ver e ouvir essa gente que assumiu o governo como se fosse um
exército de ocupação disposto a rifar e destruir tudo o que construímos antes.
À imagem e
semelhança de seu chefe, pousaram no ministério e nos diferentes escalões de
poder exemplares de tudo o que o país tem de pior, uma gente ressentida,
frustrada e rancorosa, que quer se vingar de tudo e de todos.
Basta olhar para
a cara deles, reparar nos seus gestos. Não são pessoais normais com quem você
possa conversar numa mesa de bar sem correr o risco de levar um tiro pelas
costas.
Saídos das
catacumbas da ditadura, vivem de fazer ameaças e agora as agressões ao
vernáculo e ao bom senso estão saindo das redes sociais para as vias de fato.
São tantos os
casos de violência gratuita, de ministros a guardas de esquina e milicianos,
que já nem dá tempo de registrar tudo o que vem acontecendo.
Nesta
quarta-feira, um apoiador de “Bolsonaro 17” nas milícias virtuais matou a socos
e pontapés um cidadão apenas por divergir das suas posições políticas.
Aconteceu em
Balneário Camboriú, Santa Catarina.
Segundo a
revista Fórum, em matéria reproduzida no portal Brasil 247, o troglodita
bolsominion Fábio Leandro Schwindlein, de 44 anos, avançou sobre o idoso
Antônio Carlos Rodrigues Furtado, de 61 anos, por divergir das suas posições
políticas.
Furtado era um
homem de esquerda, conhecido e respeitado na cidade. O assassino resolveu
cortar o mal pela raiz, como pregam os defensores da “exclusão de ilicitude”,
que querem adotar a pena de morte na prática.
Parece
inesgotável o estoque de idiotas recrutados a cada dia pelo governo demente
para implantar o fascismo em todas as áreas da vida nacional.
Esta semana, o
novo chefe da Secretaria de Cultura, um celerado chamado Roberto Alvim,
contribuiu com duas nomeações inacreditáveis, que só podem ser vistas como uma
provocação ao setor.
Para a Fundação
Nacional Palmares, criado para defender os valores e a influência negra na
sociedade, nomeou um negro racista, o jornalista Sérgio de Camargo, que já
disse ter “vergonha e asco da negrada militante” e prometeu se nortear pelos
“princípios que conduzem o governo Bolsonaro”.
Camargo, um
ilustre desconhecido, acha que “a escravidão foi benéfica para os descendentes
dos africanos” e já atacou lideranças e artistas ligados ao movimento negro.
Sem nenhuma ligação
com cinema ou televisão, uma certa Katiane Gouvêa foi nomeada para a Secretaria
do Audiovisual, como representante da Cúpula Conservadora das Américas, uma das
fornecedoras de mão de obra desqualificada para o governo.
Antes de ser
nomeada, Gouvêa fez várias reuniões na Ancine e chegou à conclusão que “todos
lá são comunistas”. Prometeu cumprir uma “missão cristã”.
Os dois fazem
parte do exército que Roberto Alvim está formando para desencadear uma “guerra
cultural”.
Nas muitas
guerras em que Jair Bolsonaro já meteu o país, a Cultura é um alvo preferencial
e deve ter o mesmo tratamento dado ao Meio Ambiente pelo alucinado Ricardo
Salles, que só não rasga dinheiro, e à Educação, entregue ao inqualificável
Abraham Weintraub.
Do jeito que as
coisas avançam rumo ao fascismo tropical, ainda vamos ter saudades de 2019.
Vida que segue.
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