(Foto: Isac Nobrega/PR)
"Com a pronta colaboração das promotoras
do MP-Rio responsáveis pelo caso do assassinato da vereadora e do seu
motorista, Anderson Gomes, Bolsonaro foi sumariamente inocentado, o caso acabou
arquivado e não se fala mais no assunto. E o coitado do porteiro, pivô de toda
a crise, sumiu", diz Ricardo Kotscho, do Jornalistas pela Democracia
31 de outubro de 2019
Ricardo Kotscho é jornalista e integra o Jornalistas pela Democracia.
Recebeu quatro vezes o Prêmio Esso de Jornalismo e é autor de vários livros.
Por Ricardo Kotscho, para o Balaio do Kotscho e para o Jornalistas
pela Democracia - Em menos de 24 horas, foi abafada a grande crise deflagrada
pelo Jornal Nacional na terça-feira, com o envolvimento do nome de Jair
Bolsonaro no caso Marielle Franco.
Diretamente de Riad, na Arábia Saudita, antes de voltar ao Brasil, o
capitão presidente mobilizou sua tropa de choque, liderada pelo ex-juiz Sergio
Moro e o novo PGR Augusto Aras, nomeado por ele após rigorosa seleção.
Com a pronta colaboração das promotoras do MP-Rio responsáveis pelo
caso do assassinato da vereadora e do seu motorista, Anderson Gomes, Bolsonaro
foi sumariamente inocentado, o caso acabou arquivado e não se fala mais no
assunto.
E o coitado do porteiro, pivô de toda a crise, sumiu.
Deve estar fazendo companhia ao já célebre Fabrício Queiroz, o outro
desaparecido, que até hoje não prestou depoimento ao MP, nove meses após as
primeiras denúncias sobre as rachadinhas no gabinete de Flávio Bolsonaro.
Claro que se alguém for condenado nesse processo será o funcionário da
portaria do condomínio.
Bernardo Mello Franco, no Globo, levantou a lebre, a pergunta de um
milhão de dólares: por que o porteiro, cujo nome não aparece no noticiário,
teria mentido nos seus depoimentos para incriminar o presidente?
Faria ele parte da grande conspiração internacional, que botou fogo na
Amazônia e empesteou as praias brasileiras de piche, para derrubar o governo a
serviço da Rede Globo?
Bolsonaro rapidamente perdoou o porteiro, dizendo que ele é o “menos
culpado” nessa história.
De quem é a culpa, então? Só do alucinado governador Wilson Witzel e
dos repórteres da Globo, unidos para infernizar a vida desse presidente que
“rala” nas suas viagens pelo mundo para salvar o Brasil, como ele disse no
destampatório da live da madrugada?
O Brasil é um país tão inverossímel que aqui tudo pode acontecer _ e
não acontecer nada ao mesmo tempo.
O fato de uma das promotoras responsáveis pelas investigações do caso
Marielle, Carmen Eliza Bastos de Carvalho, ter aparecido hoje nas redes sociais
com uma camiseta de campanha de Bolsonaro, e mensagens comemorando a sua
vitória, torna-se apenas um detalhe sem importância, mera coincidência.
Assim como Sergio Moro virar ministro da Justiça, depois de prender
Lula e abrir caminho para a vitória de Bolsonaro, e Augusto Aras ser escolhido
PGR, após meses de entrevistas com outros candidatos, tudo é uma feliz
coincidência para o bolsonarismo em marcha.
Tão falante durante o seu périplo pela Ásia e Oriente Médio, o capitão
presidente emudeceu.
Ao voltar esta manhã ao Brasil, não falou com a imprensa e se enfurnou
no Palácio da Alvorada para preparar o contra-ataque.
Em guerra permanente contra Deus e o diabo na terra do sol, desde que
tomou posse, aguardam-se as próximas ofensivas do leão para combater as hienas.
Quem está feliz da vida, com a bola toda, é o Carluxo.
Com vídeos, tuítes e lives do outro mundo, não se fala mais nos áudios
do Queiroz e da sua joint-venture com Flávio Bolsonaro.
Será que não é o caso de alguém da imprensa ouvir o porteiro para
esclarecer de vez este mistério?
Vida que segue.
Brasil 247
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