A proposta de delação premiada do ex-deputado Eduardo Cunha, que
colocou em marcha o golpe contra a ex-presidente Dilma Rousseff, revelaria como
ele montou seu mensalão particular com uma bancada de 120 deputados e como
Michel Temer, que usurpou a presidência, se beneficiava do esquema de corrupção
26 de dezembro
de 2019
Se a Lava Jato
tivesse aceito a proposta de delação premiada do ex-deputado Eduardo Cunha, do
MDB, o Brasil saberia como ele montou um mensalão para 120 deputados, que lhe
permitiu chegar à presidência da Câmara, onde articulou o golpe contra a
ex-presidente Dilma Rousseff, e como Michel Temer, usurpador da presidência da
República, se beneficiava do esquema. É o que aponta reportagem de Felipe
Bachtold, da Folha, e Rafael Neves, do Intercept.
"Em sua fracassada
tentativa de fechar um acordo de delação na Lava Jato, o ex-deputado Eduardo
Cunha (MDB-RJ), atribuiu irregularidades a cerca de 120 políticos e disse ter
arrecadado R$ 270 milhões em um período de cinco anos para repartir com
correligionários e aliados, sendo 70% via caixa dois. Cunha entregou sua
proposta de delação a procuradores em meados de 2017, mas seus relatos foram
considerados pelos investigadores superficiais demais, e não houve
acordo", aponta o novo capítulo da Vaza Jato.
"Nos mais de
cem capítulos de sua proposta de delação, Cunha dá sua versão para a formação
de um grupo de dezenas de deputados que o elegeu para o comando da Casa em 2015
e descreve como angariou gradualmente influência dentro do então PMDB (hoje
MDB), liderado por Michel Temer, que assumiria a Presidência da República em
2016. Temer está entre um dos principais alvos dos relatos, assim como o
ex-ministro Moreira Franco (MDB) e o ex-governador fluminense Anthony Garotinho
(sem partido)", revelam os jornalistas.
No primeiro
mandato de Dilma Rousseff, ampliou sua força nos bastidores até a formação de
um "blocão", parlamentares de outros partidos além do MDB, o que
serviria de base para sua eleição ao comando da Câmara, em 2015, e para os
quais também atuou na arrecadação de recursos. "A maior parte dos
políticos mencionados na proposta de delação é relacionada a essa articulação,
em 2014. Disse ter arrecadado R$ 148,6 milhões naquele ano, repassados a mais
de 60 deputados", apontam os jornalistas. O dinheiro vinha de empreiteiras,
"empresas de ônibus", "montadoras de veículos", a JBS, além
de doações oficiais de bancos. São mencionadas como contrapartida aprovações de
medidas de interesse desses grupos no Congresso.
"Há ainda
menções ao hoje presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Cunha diz que Maia
foi beneficiário de R$ 300 mil repassados pelo empresário Natalino Bertin a
Moreira Franco, em 2010, em contrapartida a um financiamento obtido no governo
federal e afirmou ainda que atuou para que o hoje presidente da Câmara ficasse
à frente de uma comissão de transportes da Casa, em 2013", aponta a
proposta de delação.
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