POR FERNANDO
BRITO · 17/12/2019
O presidente
do Supremo, Dias Toffoli, diz o óbvio em entrevista ao Estadão: a Lava Jato
destruiu empresas e empregos.
“A Lava Jato
foi muito importante, desvendou casos de corrupção, colocou pessoas na cadeia,
colocou o Brasil numa outra dimensão do ponto de vista do combate à corrupção,
não há dúvida. Mas destruiu empresas. Isso jamais aconteceria nos Estados
Unidos. Jamais aconteceu na Alemanha. Nos Estados Unidos tem empresário com
prisão perpétua, porque lá é possível, mas a empresa dele sobreviveu.”
Perfeito, tem
toda a razão. Mas ter razão com quase cinco anos de atraso adianta,
literalmente, nada.
Não vai
devolver empregos ao meio milhão de trabalhadores que os perderam na avalanche
da Lava Jato.
Não vai
impedir que esqueletos de concreto apodreçam e que o dinheiro público empregado
nestes se desmanche ao abandono.
Isso não vinha
ao caso, o que importava era criminalizar a política e definir, com isso, a
tomada do poder.
Pergunta-se: o
Supremo, durante estes anos, reprimiu algum abuso de um “Ministério Público
pouco transparente”, como diz Toffoli, de um juiz á procura de holofotes e as
de um tribunal federal onde tudo o que ele fazia era legitimado, até com a
alegação de que “um caso excepcional exige medidas excepcionais”?
A esta altura,
não há um ministro do Supremo que não saiba que foi espionado, grampeado,
arapongado por esta praga de gafanhotos.
Pede-se mais
de um presidente do Supremo do que ter os cabelos milimetricamente arrumados,
Excelência.
Aliás, ficou a
curiosidade de onde é que Toffoli encontra “excelência” num governo que comete
atropelo após atropelo e expõe o país a declarações “civilizadíssimas” como a
de “pendurar no pau de arara”, recriar o AI-5 e ameaçar o próprio Supremo, por
filhos e matilhas.
O resultado é
que o STF decaiu muito no conceito público e suas decisões são “peitadas” por
qualquer um.
Se algum
mérito há na gestão de Toffoli no STF é ter sido melhor do que será a próxima,
entregue a Luiz Fux.
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