Para o jornalista Ricardo Kotscho, "nunca antes um governo
brasileiro esteve tão à altura, ou melhor, à baixeza de um Congresso e
vice-versa como agora". "Dinheiro para eles não é problema. Para
garantir a mamata nas campanhas, o Congresso vai cortar do Orçamento recursos
da educação, saúde e infraestrutura, que vão perder R$ 1,7 bilhão",
denuncia
5 de dezembro
de 2019
Ricardo
Kotscho é jornalista e integra o Jornalistas pela Democracia. Recebeu quatro vezes
o Prêmio Esso de Jornalismo e é autor de vários livros.
Por Ricardo
Kotscho, no Balaio do Kotscho e para o Jornalistas pela Democracia - Nunca antes um governo brasileiro esteve
tão à altura, ou melhor, à baixeza de um Congresso e vice-versa como agora.
Nasceram um
para o outro, eleitos na mesma “onda conservadora” que levou o capitão ao poder
e o país para o buraco.
“Conservadora”
é modo de dizer, porque não se trata de opção política ou ideológica, mas de um
assalto orquestrado aos cofres públicos na divisão do butim.
Eles se
entendem: só governam para eles, os amigos deles, e o país que se dane.
No mesmo dia,
quarta-feira, deram mais dois golpes de mestre no Tesouro Nacional.
Para o
Executivo, aprovaram a toque de caixa a reforma previdenciária mamão com açúcar
dos militares, que vão ter aumento de salários e poderão se aposentar com
salário integral, sem idade mínima. Em vez de cortar gastos, vão aumentar.
As guildas das
grandes corporações do serviço público se protegem mutuamente, pois o
Judiciário também já tinha garantido seus privilégios.
Ao mesmo tempo
em que o Senado entregava todas as demandas dos militares, a Comissão do
Congresso responsável pelo orçamento aprovava o relatório preliminar que
aumenta para R$ 3,8 bilhões o fundo eleitoral para 2020.
Dinheiro para
eles não é problema. Para garantir a mamata nas campanhas, o Congresso vai
cortar do Orçamento recursos da educação, saúde e infraestrutura, que vão
perder R$ 1,7 bilhão.
Chega a ser
falta de humanidade. Vão cortar, por exemplo, R$ 70 milhões do programa
Farmácia Popular, que oferece remédios gratuitos para a população de baixa
renda, como informa a Folha.
Ao apresentar
o relatório, o deputado Domingos Neto (PSD-CE) mentiu:
“Fizemos isso
sem cortar de canto nenhum”.
A cara de pau
dessa gente só se compara aos que prometeram uma “Previdência igual para
todos”, que, ao final, vai tirar de quem ganha menos para garantir as mordomias
do andar de cima.
Assinaram essa
barbaridade representantes de 13 partidos, da esquerda à direita, que contam
com 430 deputados e 62 senadores, garantindo a aprovação do bilionário Fundo
Eleitoral.
Claro que o
governo Bolsonaro não vai vetar esse assalto aos já minguados recursos da área
social.
O capitão já
lavou as mãos: “Geralmente, essas questões políticas é o Parlamento que
decide”.
Não se trata
de uma questão política, mas de escolha de prioridades.
É uma questão
social, como mostram as revoltas populares nos países vizinhos, que tanto
assustam os militares do governo.
Mas, para essa
gente, em caso de alguma manifestação de protesto por aqui, a resposta nós já
sabemos como será: tiro, porrada e bomba.
Enquanto eles
se protegem nos palácios, a população sem emprego formal, sem assistência
médica, com a educação e as estradas em frangalhos sobrevive como a dos países
em guerra.
No Brasil, os
vândalos estão no governo e no Congresso, não nas ruas.
Isso não tem
como acabar bem.
Vida que
segue.
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