17 de janeiro
de 2020
A indicação de
Democracia em Vertigem ao Oscar complica MUITO a vida de Sergio Moro. A
narrativa do documentário não deixa dúvida sobre a parcialidade do ex-juiz e
dos procuradores. A pressão para o STF condenar Moro é enorme.
Falou-se que
democracia em vertigem, em nível mundial, atinge negativamente a mídia por
mostrar como trabalhou para derrubar Dilma e prender Lula, falou-se que ajuda
Lula ao mostrar ao mundo a falta de provas contra ele, mas o que não se abordou
foi o descomunal prejuízo que Sergio Moro e os procuradores da Lava Jato terão
devido à obra de Petra Costa.
Uma das
narrativas mais mortais para Moro e a Lava Jato é sobre a falta de provas que
Petra sintetizou na argumentação da Força-Tarefa de Curitiba no célebre Power
Point. Tem início a locução de Deltan Dallagnol em tom apoteótico:
“Hoje, o
Ministério Público Federal acusa o senhor Luiz Inácio Lula da Silva como o
comandante máximo do esquema de corrupção identificado pela Lava Jato”
Não poderia
faltar na obra o famigerado power point da Lava Jato, que foi matéria prima de
deboches na internet por anos. Petra informa o espectador que aquilo foi
transmitido ao vivo pela tevê.
Mas a apoteose
da demonstração facílima de que tudo aquilo não passava de uma imensa armação
reside no comentário da diretora-narradora do documentário. Ela fala sobre a
acusação de posse do Triplex por Lula naquilo que ela classificaria como “show
do Ministério Público”, que falava em “roubo de bilhões” e lembra que “A
acusação de fato, após dois anos de investigação, era a de que Lula havia
recebido um tríplex de uma empreiteira. E o fato de que não existem provas de
que ele é o dono do apartamento é considerado prova de sua tentativa de
escondê-lo (??!!)”
Petra conclui,
então, para o espectador, a lógica cristalina de sua análise do que a Lava Jato
consegui provar com todo esse espetáculo:
“Eu esperava
que as investigações tivessem me convencido se Lula era culpado ou inocente,
mas o que eu estava vendo eram procuradores fazendo um espetáculo”
Petra, então,
relata a audiência espalhafatosa que Moro convocou para ir tecendo a teia em
que enredaria Lula. Mostrou ao mundo o ambiente que se criou em torno do
confronto em que se transformaria o depoimento de Lula ao ex-juiz.
Petra, então,
corta do depoimento de Lula para sua prisão, com todos os detalhes da tristeza
dos seus apoiadores ante sua prisão iminente. Com eles, aos milhares, formando
uma barreira humana ao redor do Sindicado dos Metalúrgicos do ABC, onde o
ex-presidente se abrigou antes de ser preso.
Outro corte e
a cena, agora, é a da comemoração da vitória de Jair Bolsonaro na eleição de
2018 – como se disse que a prisão do ex-presidente tivesse produzido, como
produziu, a vitória do capitão reformado.
O filme
termina com a tela negra e, em letras brancas, a sentença da culpa de Sergio
Moro. O ex-juiz é julgado e condenado de forma implacável pelos fatos. Aquelas
letras brancas rasgam a escuridão da tela com a verdade, nada mais do que a
verdade.
O mundo ficará
com a certeza de que Moro é parcial. O STF terá que ter muita, muita, mas muita
coragem mesmo para não julgar Moro suspeito para julgar Lula. Coragem de posar
para a história e para o mundo como um tribunal covarde e corrupto.
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