
(Foto: Agência Brasil)
De acordo com um novo capítulo da Vaza Jato, em fins de 2018, a
força-tarefa da Operação Lava Jato municiou com documentos o site O Antagonista
"para alimentar notícias que evitassem que o ex-presidente da Petrobras
Ivan Monteiro ocupasse a presidência do banco". "O comentarista Diogo
Mainardi, dono e editor do site, acatou pedido de Dallagnol", diz a
reportagem
20 de janeiro de
2020
Em um novo
capítulo da Vaza Jato, uma matéria do Intercept Brasil aponta que procuradores
da Operação Lava Jato usaram o site O Antagonista para interferir na escolha do
presidente do Banco do Brasil no governo Bolsonaro.
"Em fins de
2018, a força-tarefa municiou com documentos o site comandado pelos jornalistas
Diogo Mainardi, Mario Sabino e Claudio Dantas para alimentar notícias que
evitassem que o ex-presidente da Petrobras Ivan Monteiro ocupasse a presidência
do banco. Monteiro era o nome mais forte entre os cotados para assumir o BB,
uma escolha do ministro da Economia Paulo Guedes – a ele era dado o crédito por
ter salvado as contas da Petrobrás", diz reportagem dos jornalistas Glenn
Greenwald Rafael Moro Martins, Rafael Neves e João Felipe Linhares.
"O
comentarista Diogo Mainardi, dono e editor do site, acatou pedido de Dallagnol
e parou de publicar notícias sobre um escândalo de corrupção que envolvia a
Mossack Fonseca, um escritório de advocacia suseito de abrirempresas offshore
no Panamá", continua o texto.
De acordo com a
matéria, "Mainardi também deu dicas de investigação a Dallagnol, que
seguiu as pistas do comentarista e em seguida informou-o – em tom lamentoso –
de que o caso estava fora da alçada da operação".
"Em troca
do jornalismo chapa-branca, Dallagnol passava informações privilegiadas ao
site. Isso fica claro numa mensagem num chat privado de 30 de agosto de 2018,
em que o procurador diz o seguinte, ao entregar em primeira mão a Claudio
Dantas dados que haviam sido pedidos pelo jornal El País: “Nao estamos passando
pra mais ng agora”. Tratava-se de uma resposta da operação a um depoimento do
advogado Rodrigo Tacla Duran, um crítico da Lava Jato, na Espanha".
Confira um
trecho do diálogo (28 de dezembro de 2015):
Deltan Dallagnol
– 13:56:48 – Oi Diogo, como vai? Antes de tudo, desejo um excelente fim e
começo de ano a Vc e família. Parabéns pelos furos do duplex e da Mosack. O
colega que atua nisso na nossa FT é o Januario Paludo. Ele me pediu para entrar
em contato com Vc e lhe pedir, por um bem maior do resultado do caso e em
benefício do interesse social da investigação, que suspenda informações sobre a
Mosack, pois veremos em janeiro o que dá para fazer em relação a isso.
Compreendemos o lado jornalístico da divulgação, e Januario lhe fornecerá,
assim que possível, informações sobre esse assunto de modo prioritário se Vc
puder segurar essas informações, como uma forma de agradecer sua contribuição
com o caso. Segue o telefone dele. Fique à vontade para contatá-lo diretamente:
Diogo Mainardi –
23:06:16 – Caro Dallagnol, como você sabe, só quero ajudar as investigações,
por isso mesmo pedi ao meu pessoal para segurar todas as notícias sobre a
Mossack.
Mainardi –
23:11:07 – Estou preocupado com o atraso na homologação da delação da Andrade
Gutierrez. Publiquei que os executivos da empreiteira entregaram a campanha da
Dilma e que o PGR preferiu ganhar tempo. Isso prejudica enormemente a Lava Jato
Dallagnol –
23:34:48 – Obrigado
Dallagnol –
23:38:00 – Acho que não é por aí. Também queremos que a PGR assine logo, porque
a fila tem que andar (há outras pendências também), mas quanto aos fatos não há
nada assim bombástico. Na PGR, como no STF, tudo demora. É o modo como o
sistema funciona. Por isso que prerrogativa de foro é ruim. Atrasa o tempo da
investigação
Mainardi –
23:50:04 – Me disseram claramente que Edinho Silva e Giles Azevedo pediram
R$100 milhões para a campanha de 2014, por dentro e por fora. Isso é explosivo,
sim.
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