(Foto: PR | Reprodução)
Em editorial de página inteira, jornal da família Marinho, que
apoiou o golpe de estado de 2016, agora o chama de "chefe de bando" e
também aponta que Bolsonaro faz aposta "arriscada, irresponsável e
criminosa no caos"
27 de fevereiro
de 2020
O jornal O
Globo, que apoiou o golpe de estado contra a ex-presidente Dilma Rousseff em
2016 e a prisão de Lula em 2018, que abriu caminho para a ascensão de Jair
Bolsonaro, agora se dá conta de que o Brasil está diante de uma "aposta
arriscada, irresponsável e criminosa no caos". É o que aponta editorial de
página inteira publicada nesta quinta-feira 27 no jornal.
"Bolsonaro
vem demonstrando uma faceta temerária menos previsível: de esticar a corda em
seu comportamento de extremista, sem qualquer preocupação com a importância e o
decoro do cargo de presidente da República, agindo como chefe de facção
radical, de bando, ultrapassando todos os limites do convívio democrático.
Desconsidera a divisão de poderes feita pela Constituição, ameaça o Congresso,
o Judiciário e, logo, sua Corte Suprema. A adesão pelo presidente, por meio de
vídeo, na terça-feira, a uma convocação bolsonarista para atos de rua em 15 de
março, contra o Congresso e o STF, representou mais uma elevação de tom de
Bolsonaro na sua escalada de mau comportamento e de desrespeito", diz o
texto, que critica a divulgação, por Bolsonaro, de vídeo que convoca atos
contra o Congresso Nacional.
"Jair
Bolsonaro, com as frações radicais que o cercam, parece ter decidido entrar em
rota de colisão com as instituições, cujo resultado pode ser uma crise
institucional que não interessa a ninguém, inclusive a ele, chefe do Executivo,
um dos que dependem da estabilidade. Bolsonaro deveria desejar que a economia e
o país de fato se recuperem e o permitam tentar com êxito a reeleição em 2022.
A não ser que faça uma aposta arriscada, irresponsável e criminosa no
caos", aponta ainda o editorial. "O direito à livre manifestação é
garantido pela Constituição. Se apoiadores de Bolsonaro querem transmitir
alguma mensagem política, a Carta está do seu lado. Mas ninguém pode, de dentro
ou de fora do Planalto, querer impor a vontade própria na marra", finaliza
o texto.
0 comentários:
[ Deixe-nos seu Comentário ]
Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor