NO TÓRAX – Marcas sugerem que o disparo
foi feito
a menos de 40 centímetros de distância
13/02/2020
O ex-capitão
do Bope Adriano Magalhães da Nóbrega era considerado peça-chave para o
esclarecimento de dois casos emblemáticos: a expansão das milícias no Rio de
Janeiro, muitas vezes com a ajuda clandestina de autoridades públicas, e o
esquema de rachadinha no gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro,
hoje senador da República.
No domingo 9
de fevereiro, depois de mais de um ano foragido, Adriano foi morto por
policiais da Bahia, que descobriram o seu paradeiro com a ajuda da equipe de
inteligência da polícia fluminense. Segundo a versão oficial, ele reagiu a uma
ordem de prisão e morreu após uma troca de tiros. Sua família pretendia cremar
seu corpo já na quarta-feira 12, mas a Justiça proibiu. Foi uma decisão
providencial, já que emergiram severas dúvidas sobre os reais objetivos da
operação policial, especialmente depois que se soube que dela participaram
cerca de setenta homens equipados com fuzis, carabinas, pistolas, revólveres,
espingardas, bombas de gás, drones, coletes e escudos à prova de bala — aparato
que conseguiu cercar o ex-capitão em seu esconderijo, sozinho, seminu,
supostamente armado apenas com uma pistola e, ainda assim, foi incapaz de
prendê-lo. Incompetência ou queima de arquivo?
VEJA teve
acesso a imagens que revelam que Adriano da Nóbrega foi abatido com tiros
disparados a curta distância. As imagens reforçam a acusação feita por sua
esposa e por seu advogado de que ele foi executado — e de que as forças
policiais nunca quiseram realmente prendê-lo. São fotografias de diversos
ângulos, feitas logo depois da autópsia, que devem ajudar a revelar o que
aconteceu nos minutos que se sucederam à entrada dos policiais no sítio onde o
ex-capitão estava escondido, no município de Esplanada. De acordo com a
Secretaria de Segurança da Bahia, Adriano, depois de reagir, foi abatido com
dois tiros — um de carabina e outro de fuzil. Um dos projéteis atingiu a região
do pescoço. O outro perfurou o tórax. Também de acordo com a polícia baiana, mesmo
atingido e tendo perdido muito sangue, o ex-capitão ainda estava vivo quando
foi levado para o hospital, a 8 quilômetros do local do confronto, onde chegou
morto.
As fotos
obtidas pela reportagem sustentam parte dessa versão — mas apenas parte. Os
disparos que mataram Adriano da Nóbrega foram feitos a curta distância. Além
disso, as imagens revelam um ferimento na cabeça do ex-capitão, logo abaixo do
queixo, queimaduras do lado esquerdo do peito e um corte na testa.
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