(Foto: Antonio Cruz/
Agência Brasil)
"Vamos ver se desta vez os donos da mídia vão além dos
editoriais. Precisam desmontar o palanquinho das ofensas na porta do Alvorada.
Precisam saber se seguem apoiando o governo apenas por causa da agenda de
Guedes, ou se entenderam que a economia não pode justificar o
obscurantismo", afirma a jornalista Tereza Cruvinel
18 de
fevereiro de 2020
Colunista do
247, Tereza Cruvinel é uma das mais respeitadas jornalistas políticas do País
X-X-X
Os ataques
machistas de Jair Bolsonaro à jornalista Patricia Campos Mello ultrapassaram o
limite da vulgaridade, do desrespeito, da baixaria. Foi uma verdadeira
cafajestada, que não só deve ser repudiada por todas as mulheres e por todos os
democratas, como também precisa de resposta institucional. Ele violou o inciso
7º do capitulo V da Lei do Impeachment, a Lei 1079/50, que inclui entre os
crimes de responsabilidade “proceder de modo incompatível com a dignidade, a honra e o decoro do cargo” que
ocupa. Por isso deputas já se movimentam para pedir seu impeachment, embora ele
já tenha dado outros tantos motivos. As deputadas de oposição já se movimentam para
apresentar um pedido de impeachment dele.
É verdade que
não há disposição no Congresso e nas elites econômicas para
encarar o impeachment de Bolsonaro, enquanto ele tiver Guedes tocando a agenda
neoliberal. Mesmo assim, é importante que o pedido seja apresentado,
explicitando que temos na presidência um violador das leis. É preciso sacudir a
sociedade letárgica para o lugar aonde estamos chegando.
E depois,
Bolsonaro cometeu também crimes comuns: assédio sexual (quando debochou) e
assédio moral (quando tentou desmoralizar), sexismo e tentativa de cerceamento
da liberdade de imprensa pela intimidação moral, além de calúnia e dimafação.
Ou Patrícia ou
a Folha de S. Paulo devem entrar com ação por crime comum. E neste caso, para
instaurar inquérito e processo, o STF terá que pedir licença à Câmara, como fez
no caso de denuncias contra Temer por corrupção e obstrução da Justiça, a
partir da conversa com o dono da JBS. Comprou votos e escapou. Bolsonaro precisa ter um encontro com a lei.
Não está acima dela.
Certo é que
tamanha cafajestada não pode ficar sem resposta, para além da nossa inteira
solidariedade a Patricia, como mulher e como jornalista. E vamos ver se desta vez os donos da mídia
vão além dos editoriais. Precisam desmontar o palanquinho das ofensas na porta
do Alvorada. Precisam saber se seguem apoiando o governo apenas por causa da
agenda de Guedes, ou se entenderam que a economia não pode justificar o
obscurantismo.
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