Jair Bolsonaro (Foto: Marcos Corrêa/PR)
A jornalista Maria Cristina Fernandes, colunista do Valor
Econômico, publica nesta quinta-feira artigo sobre a busca de uma saída
política para assegurar a renúncia de Jair Bolsonaro da Presidência da
República
26 de março de
2020
"A tese
do afastamento do presidente viralizou nas instituições. O combate à pandemia
já havia unido o país, do plenário virtual do Congresso Nacional ao toque de
recolher das favelas. Com o pronunciamento em rede nacional, o presidente
conseguiu convencer os recalcitrantes de que hoje é um empecilho para a batalha
pela saúde da nação", escreve a jornalista Maria Cristina Fernandes.
A saída de
Bolsonaro pela renúncia em vez do impeachment é o tema do momento, segundo
Fernandes: "Ainda que Bolsonaro hoje não tenha nem 10% dos votos em
plenário, um processo de impeachment ainda é de difícil de viabilidade. Motivos
não faltariam. Os parlamentares dizem que Bolsonaro, assim como a ex-presidente
Dilma Rousseff, já não governa. Se uma caiu sob alegação de que teria
infringido a Lei de Responsabilidade Fiscal, o outro teria infrações em série
contra uma 'lei de responsabilidade social'. Permanece sem solução, porém, o
déficit de legitimidade e um impeachment em plenário virtual.Vem daí a solução
que ganha corpo, até nos meios militares, de uma saída do presidente por
renúncia. O problema é convencê-lo. A troco de que entregaria um mandato
conquistado nas urnas? O bem mais valioso que o presidente tem hoje é a
liberdade dos filhos. Esta é a moeda em jogo. Renúncia em troca de anistia à
toda tabuada: 01, 02 e 03. Foi assim que Boris Yeltsin, na Rússia, foi convencido
a sair, alegam os defensores da solução".
"Ao
desafiar a unanimidade nacional, no uniforme de vítima de poderes que não lhe
deixam agir para salvar a economia, Bolsonaro já sabia que não teria o endosso
das Forças Armadas para uma aventura que extrapole a Constituição. Era o que
precisaria fazer para flexibilizar as regras de confinamento adotadas nos
Estados. Duas horas antes do pronunciamento presidencial, o Exército colocou em
suas redes sociais o vídeo do comandante Edson Leal Pujol mostrando que a farda
hoje está a serviço da mobilização nacional contra o coronavírus",
afirma a jornalista.
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