
(Foto: Câmara dos Deputados | PR)
Avaliação é do cientista político Guilherme Carvalhido. No
entanto, ele afirma que um processo de afastamento dependerá de maior apoio nas
ruas
18 de abril de
2020
Sputnik – As
brigas do presidente com Congresso podem levar a "fortalecimento" da
ideia de impeachment de Jair Bolsonaro, mas processo depende muito das
"ruas", disse à Sputnik Brasil cientista político Guilherme
Carvalhido.
Segundo ele,
as desavenças e críticas mútuas entre Bolsonaro e o presidente da Câmara,
Rodrigo Maia (DEM-RJ), ocorrem "desde o início de seu governo", mas
após a demissão de Luiz Henrique Mandetta do Ministério da Saúde se tornaram
ainda mais "evidentes".
Pouco após o anúncio
da saída de Mandetta, que também é do DEM, Bolsonaro disse em entrevista para a
CNN Brasil que Maia tinha "péssima atuação" e parecia querer
"atacar o presidente".
O parlamentar,
por sua vez, afirmou, também para a CNN, que Bolsonaro o atacava como um
"truque de política" para desviar a atenção sobre a saída de
Mandetta, que deixou o cargo com alta aprovação popular.
Para
Carvalhido, a disputa entre os dois começou no início do mandato de Bolsonaro,
quando ele não "conseguiu negociar com o Congresso uma relação de
equilíbrio", o que "dificulta um Executivo eficiente".
'Briga
declarada'
"Bolsonaro
já estava consciente dessa briga com o Congresso desde o início do seu governo.
Quando optou politicamente em não formar um grupo forte na Câmara e no Senado,
estabelecendo uma grande disputa com setores importantes, principalmente com
seu setor mais significativo, que é o chamado centrão", disse o professor
da Universidade Veiga de Almeida, no Rio de Janeiro.
Carvalhido
avalia que a partir dos últimos posicionamentos do presidente, principalmente
seu embate com Mandetta, "que é do centrão", sobre a necessidade de
isolamento social, o que "acontecia" mais nos "bastidores",
agora é uma "briga declarada".
O analista
lembra ainda o episódio no qual o presidente estimulou, e depois chegou a
participar, em março, de manifestações contra as atuações de Maia, do
presidente do Senado, Davi Alcolumbre, outro parlamentar do DEM, e do Supremo
Tribunal Federal (STF).
Congresso
'absolutamente insatisfeito'
"Hoje, tanto
a Câmara como o Senado estão absolutamente insatisfeitos com a política adotada
pelo presidente Jair Bolsonaro", afirmou o cientista político.
Nesse cenário,
ele considera que um princípio de movimento para destituir Bolsonaro do cargo
pode estar sendo gestado.
"Há sim
uma briga muito forte, e há o início sim de um processo de tentativa de
fortalecimento do impedimento do presidente", disse Carvalhido.
No entanto,
para que isso ocorra, o professor aponta que outras "variáveis" estão
em jogo, como "manifestações populares e a própria opinião pública, que
precisam ser medidas".
Carvalhido diz
que Bolsonaro ainda conta com apoio expressivo entre a população, de cerca de
"um terço do eleitorado", e lembra que no início do processo de
impeachment contra a ex-presidente Dilma Rousseff sua popularidade era de menos
de 10%.
'Olho nas
ruas'
Mas o
cientista político faz uma ressalva: com a crise do coronavírus, "parte de
seus eleitores" começa a criticá-lo abertamente, como foi o caso, por
exemplo, da jurista e deputada estadual por São Paulo Janaína Paschoal, o que
"movimenta a estrutura do Congresso".
"O
Congresso está de olho no que está acontecendo nas ruas, apesar de estarmos em
quarentena", disse Guilherme Carvalhido.
0 comentários:
[ Deixe-nos seu Comentário ]
Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor