
13 de abril de
2020
Em entrevista
ao Fantástico, da TV Globo, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, voltou
a defender o isolamento social e deu uma declaração que eleva a tensão na
relação já conturbada com Jair Bolsonaro.
“Quando você
vê as pessoas entrando em padaria, em supermercado, grudadas, isso é claramente
uma coisa equivocada. Eu espero uma fala única, uma fala unificada. Porque isso
leva para o brasileiro uma dubiedade. Ele não sabe se escuta o ministro, o
presidente, quem ele escuta”, disse o ministro.
Mandetta prevê
momento mais difícil da pandemia em maio e junho. "Virão 60 dias muito
duros. Serão de dois a três meses de muitos questionamentos, especialmente
contra o Ministério da Saúde".
Segundo ele,
"quem vai escrever essa história é o comportamento da sociedade".
"Se cada empresário achar que sua atividade é essencial e voltar a atuar,
o Ministério da Saúde vai mostrar na semana seguinte: 'esse setor fez isso com
as nossas cidades'", afirma o ministro.
Luiz Mandetta
também diz que não existe possibilidade de fazer teste em massa na população.
"O planeta Terra inteiro quer o produto que nós queremos", explica.
Sobre relação
com Jair Bolsonaro, o ministro afirma: "Ela preocupa, porque a população
olha e pensa assim 'será que o ministro é contra o presidente da República?' E
nosso inimigo, nosso principal adversário é o coronavírus. Se eu estou ministro
da Saúde, é por obra de nomeação do presidente. O presidente olha muito também
pelo lado da economia. O ministério da Saúde entende, mas olha mais pelo lado
da proteção à vida. Eu espero que a gente possa ter uma fala única, uma fala
unificada, porque isso leva ao brasileiro uma dubiedade. Ele não sabe se ele
escuta o ministro ou o presidenta"
Ele pede
"muita disciplina" à população e reafirmou a receita para o Brasil
superar os efeitos da pandemia. "Só vamos passar por essa se mantermos o
tripé 'foco, disciplina e ciência', defendeu ele agora no final", afirmou.
A mudança de
tom reforça as especulações de Mandetta tenha ficado furioso com a ameaça de
Jair Bolsonaro de demiti-lo na última segunda-feira (6) e precisou ser contido
por amigos próximos, que foram acionados pelo general Walter Braga Netto.
Além disso,
Bolsonaro tem reiterado o discurso em que pede o fim do isolamento social para
que o comércio reabra. Mas além do discurso, Bolsonaro tem feito passeios por
Brasília e aglomerado e cumprimentando apoiadores.
Na
quinta-feira (9), Bolsonaro parou em uma padaria em Brasília, segundo ele, para
tomar um refrigerante. Nas imagens divulgadas em suas redes sociais, é possível
ver que o presidente abraça funcionários do local e posa para fotos.
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