
(Foto: PR | LULA MARQUES)
Globo, Folha, Correio Braziliense e Metrópoles decidiram
abandonar a cobertura diária dos portões do Palácio da Alvorada, em função das
seguidas agressões de Jair Bolsonaro e sua claque. Bolsonaro é apontado por
Flávio Dino, governador maranhense, como responsável direto pela violência
26 de maio de
2020
"Estimular
desrespeitos e não garantir segurança ao trabalho jornalístico diante de um
palácio presidencial é uma forma de agredir a liberdade de imprensa. Bolsonaro
é o único responsável por mais essa página vergonhosa", disse o governador
do Maranhão, Flávio Dino, após a decisão anunciada por vários veículos de
comunicação, como Folha, Globo, Correio Braziliense e Metrópoles, de não mais
cobrir as agressões diárias de Jair Bolsonaro à imprensa. A esse respeito, leia
artigo de Gustavo Conde:
O cerco vai se
fechando ao governo mais catastrófico da história do país. Não há mais base
social, não há mais disposição para apresentar projetos, não há mais a
intimidação judicial de Moro para chantagear parlamentares, não há mais partido
do governo, não há mais política de boa vizinhança com poderes, não há mais
como disfarçar o fracasso do antipetismo edificado em um ex-capitão boçal,
miliciano e, agora, miseravelmente decadente.
A mídia
corporativa finalmente percebeu o timing e disparou sua habitual hipocrisia
salvadora, a la Rochefoucault: irá fazer jornalismo a contragosto para impedir
a destruição total do país (um país destruído não permite fraudes e
manipulações).
O gesto sintomático
da grande imprensa é retirar seus jornalistas da cobertura do Palácio da
Alvorada, residência putrefata de um presidente carcomido pelo ódio, pelo medo
e pelo desespero.
Apoiadores de
Bolsonaro - os parcos e parvos imbecis suicidas - hostilizam jornalistas todo o
santo dia. Para evitar uma tragédia, os veículos ordenaram um basta: não mais
irão cobrir o chiqueirinho do Alvorada.
Por que
demorou tanto?
Porque a mídia
corporativa é teimosa. Eles acreditavam que Bolsonaro tomaria jeito. Frustrada
em definitivo essa esperança, eles abrem a caixa de ferramentas logísticas e
editoriais e partem para mais uma rodada de oportunismo sobre um presidente
zumbi que irá cair em breve.
Alvíssaras.
Antes uma
mídia hipócrita e oportunista que uma mídia genocida.
O peso
simbólico do abandono na cobertura presidencial é gigantesco. Bolsonaro reclama
da mídia tradicional todos os dias, mas precisa dela para manter sua legião
minguada - sic - de ‘bostas’ de prontidão.
Na vertigem de
um delay colossal dessa mídia acovardada que, de repente, resolveu flertar com
a prática jornalística, resta uma pergunta: eles não irão fazer autocrítica?
Nós, do
‘jornalismo alternativo’ estamos avisando há tanto tempo da presepada que é
cobrir a saída da besta do Alvorada e eles nem agradecem?
Fica uma cifra
de solidariedade malandra aos nossos pares de cativeiro.
Mais um pouco,
eles abraçam a tese do impeachment e do risco de mais um golpe - aliás, daqui a
pouco, eles dirão que ‘foi golpe’ (aquele, de 2016).
Esse dia vai
chegar e eu vou querer ver.
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