
10 de maio de
2020 | Por Nelson Nisenbaum
“William
Bonner,
Até que você
pareceu ser sincero no começo do JN de ontem, descrevendo como a morte vai se
diluindo da “normalidade” depois de tantas semanas só aumentando e aos
milhares.
Realmente, dá
uma sensação esquisita de desumanização, de banalização da catástrofe.
Por muito
tempo houve grandes oportunidades no Brasil para que este tipo de sentimento
não fosse tão fácil de ser alcançado.
Houve uma
época recente onde durante uma década a fome diminuiu, o emprego aumentou, o
PIB cresceu, a vida melhorou, as pessoas ficaram mais felizes, vivendo mais e
melhor.
Foi um período
onde a vida venceu a morte. Milhões de brasileiras e brasileiros saíram da
miséria. O Brasil saiu do mapa da fome mundial.
Quem sabe,
Bonner, se vocês, naquela época, não tivessem banalizado a vida, não estaríamos
hoje banalizando a morte.
Vocês poderiam
ter feito melhor com as boas notícias. Mas seria pedir demais a vocês que
reconhecessem o sucesso do governo de um ex-torneiro mecânico sem diploma
superior. Eu sei, é difícil.
Mas que sirva
de lição. Da próxima vez que um governo fizer o bem, não banalizem.
Quem sabe, em
um futuro, um governo possa ser noticiado pelas suas qualidades, e não pelos
defeitos, especialmente quando suas qualidades forem voltadas à defesa da vida
e suplantarem seus defeitos.
Você, Bonner,
contribuiu muito para banalizar a vida das brasileiras e dos brasileiros.
Tudo virou
“propinoduto” naqueles insuportáveis panos de fundo das reportagens da
Lava-a-Jato e de seu herói decaído Moro.
Vocês puseram
Lula na prisão. E puseram esse monstro na presidência da República.
Bonner, você é
capaz de uma autocrítica? Consegue perceber o quanto está envolvido na
catástrofe atual, que não “caiu do céu”?
Pense bem,
Bonner. A banalização da morte, que tanto te sensibiliza hoje, nasce da
banalização da vida. Volte a fita. Olhe no retrovisor.”
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